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Rio Capibaribe  -  Pernambuco

Projeto de R$ 4,5 bilhões quer tratar esgoto que é jogado no rio Capibaribe

Eduardo Herrmann, GHX Comunicação
Especial para o Terra

O Capibaribe é um rio de vital importância para o Estado de Pernambuco e para a cidade do Recife. Ele tem, inclusive, peso histórico tanto para a região Nordeste quanto para o Brasil já que foi em sua várzea que se estabeleceram os primeiros engenhos de cana-de-açúcar. Apesar disso, o Capibaribe lida com a poluição e, em vários pontos, transforma-se em destino para esgotos urbanos e industriais. Atualmente, figura em muitos planos de revitalização da cidade e do Estado, mas permanece em 7º lugar no ranking de rios mais poluídos do País, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do Índice de Qualidade da Água (IQA).

Em seus 240 quilômetros de extensão, o rio passa por 42 municípios, recebe 74 afluentes e abastece 3,5 milhões de habitantes da zona urbana na região metropolitana do Recife. O problema é que poucas dessas cidades tratam devidamente seus efluentes. Em muitos casos, a ausência de saneamento básico e tratamento adequado leva o esgoto industrial e doméstico diretamente ao rio. Com apenas 40% de sua rede saneada, a capital também despeja toneladas de material orgânico no aquífero.

Rio Capibaribe  -  Pernambuco
Rio Capibaribe  -  Pernambuco
Rio Capibaribe  -  Pernambuco

Divulgado em 2013, um estudo da organização não governamental Fundação SOS Mata Atlântica classificou a qualidade das águas do rio Capibaribe como "ruim". Em um ranking de 30 mananciais, o rio ficou entre os nove piores neste quesito. A falta de conscientização de muitos é uma das causas de resultados tão ruins. Segundo informações da prefeitura do Recife, a Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) remove diariamente, com dois barcos catamarãs, cerca de cinco toneladas de lixo jogadas pela população na água. As ações de limpeza incluem ainda, a cada 40 dias, um mutirão às margens do rio para buscar resíduos que os catamarãs não alcançam.

Medidas

No dia 27 de março de 2014, foi lançado o Plano Municipal de Saneamento do Recife e o Projeto de Saneamento Integrado do Cordeiro (PAC 1 Cordeiro). As iniciativas estabelecem intervenções na bacia do rio Capibaribe e têm como meta contribuir para o tratamento e a correta destinação do esgoto da capital pernambucana.

Apesar de ser a mais recente, a medida de revitalização do rio não é única. Em 2013, o governo de Pernambuco firmou a primeira parceria público-privada (PPP) para o setor de saneamento no País. O acordo entre a Companhia Pernambucana de Saneamento e um consórcio de duas empresas prevê investimentos de R$ 4,5 bilhões para universalizar o esgotamento sanitário na região metropolitana do Recife e na cidade de Goiana. Com o projeto, ao fim de 12 anos, o objetivo é que 90% dos municípios da região sejam atendidos por sistema de esgotamento sanitário e que 100% dos resíduos coletados sejam tratados.

Outro projeto que pode ajudar na revitalização do rio Capibaribe é o plano de navegabilidade de suas águas, o Programa Rios da Gente, orçado em R$ 289 milhões, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do orçamento estadual. De acordo com o governo, o projeto pode oferecer, inicialmente, transporte para 300 mil passageiros por mês, ou seja, cerca de 10 mil por dia. A expectativa é que a navegação possa começar já no segundo semestre de 2014.

Outro projeto que pode ajudar na revitalização do rio Capibaribe é o plano de navegabilidade de suas águas, o Programa Rios da Gente, orçado em R$ 289 milhões, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do orçamento estadual. De acordo com o governo, o projeto pode oferecer, inicialmente, transporte para 300 mil passageiros por mês, ou seja, cerca de 10 mil por dia. A expectativa é que a navegação possa começar já no segundo semestre de 2014.

Parque Capibaribe – Caminho das Capivaras

Já o projeto Parque Capibaribe – Caminho das Capivaras aproveita esses dois planos para ir além. Trata-se de um convênio firmado entre a prefeitura do Recife e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para a urbanização das margens do rio na cidade. Firmada no fim de 2013, a parceria prevê o desenvolvimento de um plano completo para essa revitalização com a implantação de calçadas, pontes para pedestres, ciclovias, áreas verdes, espaços de lazer e alternativas de transporte, entre outros.

Uma das metas do projeto é aumentar em mais de cinco vezes as áreas verdes da cidade. “A gente quer transformar Recife em uma cidade-parque”, afirma a Circe Monteiro, professora titular do Departamento de Arquitetura da UFPE e uma das coordenadoras do Parque Capibaribe – Caminho das Capivaras. “Com a criação desse sistema natural, das bacias hidrográficas, vamos poder fazer a reirrigação e um novo tipo de urbanização, mais verde e mais voltado para as pessoas”.

Para tanto, o projeto prevê diversas iniciativas nos 30 quilômetros de margens do rio na cidade. Um dos aspectos mais importantes, segundo a professora, é a articulação dos bairros, já que o rio liga áreas de poderes aquisitivos bastante distintos. “Vamos criar um sistema de ciclovias e passeios que vão infiltrar o parque à beira do rio nas áreas urbanas”, explica. O projeto também tem importantes ações de proteção ambiental, além de melhorias de urbanização e arborização e dotação de equipamentos considerados importantes para a população ribeirinha.

“Vamos criar um sistema de ciclovias e passeios que vão infiltrar o parque à beira do rio nas áreas urbanas”

Circe Monteiro, coordenadora do projeto Parque Capibaribe - Caminho das Capivaras

Para a análise e preservação do ecossistema, por exemplo, biólogos já monitoram a vida e os hábitos alimentares de capivaras, garças e patos que vivem ao longo do rio. Concomitantemente, equipes de botânica tem realizado trabalho de levantamento da flora do rio, pesquisadores das áreas sociais buscam entender as necessidades das comunidades ribeirinhas e economistas fazem análises do impacto da valorização nos imóveis às margens do rio. Com o tempo, as descobertas e informações serão divulgadas em um blog do projeto, para permitir que a população possa aprender, participar e dar sugestões. “A gente acredita no potencial de transformação”, conclui a professora.