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Eleitores na Venezuela têm dedo manchado para não votar de novo

7 out 2012 - 13h52
(atualizado em 12/4/2013 às 15h21)
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DANIEL CASSOL
Direto de Caracas

Acostumados e orientados pelos candidatos a votarem cedo, os eleitores venezuelanos começaram a formar filas nos centros de votação já na madrugada deste domingo, até três horas antes da abertura das urnas. Divididos entre áreas pobres e bairros de classe média e alta, eleitores de Hugo Chávez e Henrique Capriles concordam ao demonstrar segurança no processo de votação.

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Eleitor mostra dedo com tinta que só sairá na segunda-feira
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Foto: Ariana Cubillos / AP

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Desde cedo, grandes filas se formaram em frente às escolas utilizadas como zonas eleitorais. Na Unidade Educacional Nossa Senhora de Guadalupe, no bairro Sabana Grande, região comercial da cidade, os primeiros eleitores começaram a chegar às 3h da manhã, três horas antes do início oficial. Às 8h, a fila já fazia a volta no quarteirão e dobrava mais uma rua.

O motorista de caminhão Pastor Cáceres, 49 anos, foi um dos 20 primeiros a chegar no centro de votação. Na fila desde às 3h, conseguiu votar somente depois das 7h - a falta de pessoal e problemas em urnas eletrônicas atrasaram o começo da votação. Eleitor de Capriles, Cáceres tem segurança no voto. "Aqui na Venezuela, o voto é triplamente secreto", afirma, mostrando o dedo mínimo manchado com uma tinta que só deve sair na segunda-feira, inviabilizando uma tentativa de votar duas vezes.

Votar cedo é um costume do venezuelano. Há quem diga que é para poder aproveitar o resto do domingo. As candidaturas de Chávez e Capriles, por outro lado, orientaram seus eleitores a saírem cedo às ruas para fiscalizarem a votação. Não é permitido votar usando roupas identificadas com alguma candidatura.

Mesmo em um centro de votação marcadamente oposicionista, a confiança no sistema de votação é consenso. Leonilde Gordon, 66 anos, chegou às 6h da manhã. "Fiquei mais tempo na fila do que votando. Não demorei nada", conta. Mas já estava no clima eleitoral desde muito mais cedo. "Acordei às 3h da manhã porque quero que a Venezuela avance", diz a simpatizante de Capriles.

Em Sabana Grande, assim como em bairros de classe média e alta de Caracas, é Capriles quem leva a melhor. O candidato da oposição deve ganhar nestas regiões da capital venezuelana. Os eleitores de Chávez se concentram em bairros da periferia, como Caño Amarillo, onde Manuel Hidalgo, 82 anos, chegou para votar por volta das 9h da manhã.

"Não preciso dizer o nome. Eu voto no chefe, em nosso dirigente máximo. O chefe tem que continuar", afirma o eleitor convicto de Chávez, tentando encontrar sua mesa de votação em uma lista afixada na porta da Escola San Martín.

No mesmo centro de votação, a eleitora chavista Cristina Cadena, 44 anos, reforça um sentimento geral entre os eleitores, chavistas ou não, quanto à impossibilidade de fraudes na eleição venezuelana. "Aqui se vê que não existe como haver fraude. Cada pessoa vota como bem entender", garante. Para votar, o eleitor venezuelano cumpre cinco etapas: libera a urna com sua impressão digital, vota eletronicamente, deposita um comprovante impresso em uma caixa de segurança, assina o registro eleitoral e mancha o dedo mínimo com tinta indelével.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão gestor das eleições na Venezuela, anunciou mais cedo que haviam sido instaladas todas as 39.018 mesas de votação nas 13.683 zonas eleitorais habilitadas em todo o país. De acordo com o CNE, 18.862.648 cidadãos venezuelanos estão habilitados para votar. O voto na Venezuela não é obrigatório - estima-se que a abstenção seja de 25%.

O comando de campanha de Henrique Capriles concedeu coletiva de imprensa às 8h30 da manhã, informando que conta com fiscais em todos os centros de votação do país. A imprensa venezuelana, tanto de oposição como ligada ao chavismo, não reportou incidentes graves pela manhã, a não ser atrasos em alguns centros de votação. Jornais de oposição informaram que homens em motocicletas, vestidos de vermelho, estão circulando pelas ruas gritando palavras de ordem a favor de Chávez.

O resultado deve ser divulgado três horas depois do fechamento das urnas. O horário de votação termina oficialmente às 18h (19h30 em Brasília), mas os centros permanecerão abertos enquanto houver filas.

Fonte: Especial para Terra
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