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Política

Militante do Psol é indiciado por fazer denúncia falsa no RJ

Estudante procurou a polícia dizendo ser vítima de sequestro e receber ligações ameaçadoras que pedia para ele parar de protestar

8 out 2013 - 18h57
(atualizado às 19h02)
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O estudante Rodrigo Antônio D'Oliveira Graça, 19 anos, militante do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), foi indiciado nesta terça-feira por crime de denunciação caluniosa. Rodrigo procurou a polícia dizendo ser vítima de sequestro e receber ligações ameaçadoras de um homem, que ordenava que ele parasse de participar de protestos nas ruas. O delegado Flávio Barucke encaminhou o inquérito ao Ministério Público. O crime de denunciação caluniosa prevê pena de dois a oito anos de detenção

De acordo com a polícia, Rodrigo procurou a delegacia no dia 25 de julho e registrou que tinha sido vítima de um sequestro. Em depoimento, ele disse ter sido levado por quatro homens, em um carro de cor branca, quando caminhava pela rua Afonso Pena, na Tijuca.

Em nota, a Polícia Civil informou o que o estudante relatou na delegacia: "Rodrigo afirmou que ficou 40 minutos em poder do grupo e narrou que os homens gritavam. 'Você que é o Rodrigo, né? Manifestante e militante do Psol, você tem que acabar com esse negócio de ir a manifestações, você e toda a sua corja. Você vai servir de exemplo para os caras que estão aí'", referindo-se, de acordo com o estudante, a outros manifestantes da legenda. O militante disse que foi libertado na rua Frei Caneca, no Centro

A Polícia Civil relatou que, um dia antes, 24 de julho, Rodrigo Graça esteve na delegacia para denunciar um crime de ameaça. Em depoimento, o estudante disse que "havia recebido ligações ameaçadores no telefone de casa e no celular, de um homem que ordenava que ele parasse de participar dos protestos".

Para iniciar as investigações, o delegado Fabio Barucke recolheu imagens de câmeras de segurança dos locais onde Rodrigo disse ter sido sequestrado e depois liberado. Em nenhuma das imagens, no entanto, aparece o rapaz ou a suposta ação do grupo. Segundo o delegado, os investigadores refizeram o trajeto em busca de testemunhas e não encontraram nada. As imagens dos horários descritos por Rodrigo Graça foram solicitadas à Companhia de Engenharia do Tráfego do Rio, na tentativa de identificar os criminosos.

Além disso, o delegado solicitou à Justiça a quebra de sigilo telefônico para obter os registros das chamadas de ameaças. O estudante reconheceu como de amigos e parentes todos os números que aparecem na conta. Membro do Executivo Estadual do Psol-RJ, José Luís Fevereiro confirmou que Rodrigo é militante do partido, mas disse que não tomou conhecimento do indiciamento dele.

"Ele é filiado ao Psol e, na época, nós acompanhamos a denúncia dele. Agora eu não sabia que ele havia sido indiciado pela polícia", explicou Fevereiro. O Ministério Público do Rio informou que não recebeu a denúncia mas, pelo fato de o indiciamento ter sido feito hoje, a comunicação deve chegar ao MP até a próxima quinta-feira.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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