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Política

Facebook treina políticos brasileiros antes das eleições

Curso gratuito oferecido pelo Facebook ocorre às vésperas de votação de legislação que pode limitar atuação da empresa no Brasil

25 out 2013 - 21h18
(atualizado às 21h22)
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Enquanto o Brasil ameaça impor um novo regulamento às empresas de internet americanas, nesta última semana o Facebook ofereceu conselhos de graça a alguns políticos de primeiro escalão em como ganhar mais "amigos" e elevar o número de "likes" em suas páginas na web.

As dicas do Facebook em como usar redes sociais chegam no momento em que políticos se preparam para as eleições do próximo ano e o Congresso se prepara para votar uma legislação que limita a maneira que empresas como o Facebook, Twitter e Google atuam no Brasil.

Após as revelações de espionagem pelo governo dos Estados Unidos em cidadãos e empresas brasileiras, incluindo a presidente Dilma Rousseff, o País corre para votar leis que obrigariam empresas de internet a guardar informações de usuários brasileiros no Brasil. A Câmara dos Deputados vota a medida na próxima quarta-feira. As empresas de internet e especialistas em tecnologia afirmam que a demanda custaria alto e seria tecnicamente complexa.

Com 76 milhões de usuários no Facebook, mais do que outro país fora dos EUA e possivelmente da Índia, o Brasil é um mercado chave para a rede social baseada em San Francisco. Isso também faz do Facebook uma ferramenta poderosa para políticos brasileiros procurando por novos apoiadores.

"Isso é um enorme bloco de votação de cidadãos que estão recebendo uma grande parte de suas notícias e informações de lugares como Facebook", disse Katie Harbath, a gerente global do Facebook para políticos e em compromisso do governo.

Harbath passou quatro dias na capital instruindo parlamentares e equipes, em salas lotadas do Congresso, em como aumentar os "likes" em suas páginas do Facebook. Ela ensinou a equipe online da presidente Dilma Rousseff em como aumentar sua presença na rede social.

A gerente mostrou como usar os "metadados" para saber quantos usuários visitam suas páginas e em que parte do dia isso ocorre.

<a data-cke-saved-href="http://noticias.terra.com.br/infograficos/mapa-eleitoral-2014/" href="http://noticias.terra.com.br/infograficos/mapa-eleitoral-2014/">Mapa eleitoral 2014</a>

Irritado com as denúncias de que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) estaria monitorando emails, ligações telefônicas e outras comunicações de brasileiros, o governo de Dilma quer forçar empresas estrangeiras a manter data centers dentro do País, sujeitas às leis de privacidade brasileiras.

Empresários escreveram para legisladores avisando que o armazenamento de dados no País poderia excluir os usuários brasileiros dos serviços de armazenamento de dados em nuvem, desligar o Brasil do fluxo contínuo de informação global e dificultar suas esperanças de se tornar um centro regional de TI e data center.

Um político que se encontrou com Harbath, o ex-governador do Rio de Janeiro, Antony Garotinho, disse que o requerimento para a construção dos data centers no País deva ser descartado. "Eu sou contra. Como você vai armazenar no Brasil informações de brasileiros que são parte de uma rede mundial? É meio difícil e acho que é improvável que isso aconteça."

Espionagem americana no Brasil 
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA), funcionou em Brasília pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Monitoramento

Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

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