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Política

EUA alerta seus cidadãos no Brasil de possível violência em protestos

21 jun 2013 - 18h22
(atualizado às 19h04)
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O governo dos Estados Unidos assegurou nesta sexta-feira que continua vendo os grandes protestos no Brasil como "manifestações pacíficas", mas informou que alertou seus cidadãos no País diante das possibilidades de que se tornem violentas.

"A missão diplomática dos EUA no Brasil emitiu na terça-feira e na quinta-feira mensagens de advertência a seus cidadãos no País", disse aos jornalistas um porta-voz do Departamento de Estado, Patrick Ventrell.

"Os cidadãos dos EUA devem evitar os protestos e as áreas onde possam acontecer grandes concentrações. Inclusive as manifestações ou atos concebidos como pacíficos podem derivar em confrontos e possivelmente levar a uma escalada de violência", advertiram as mensagens.

Ventrell ressaltou que os EUA continuam "supervisionando" os protestos, que começaram na semana passada diante do aumento das tarifas de transporte público, e a que se somou o pedido de maiores investimentos em saúde e educação pública, e críticas às elevadas despesas do governo para organizar eventos como a Copa do Mundo de 2014, entre outras reivindicações.

"As manifestações pacíficas são parte de uma democracia, o fato de que os cidadãos possam expressar suas opiniões e falar com líderes do Governo sobre os assuntos que lhes interessam", disse o porta-voz.

Ventrell evitou se pronunciar sobre se os protestos têm um motivo válido. "Não acho que estejamos em uma posição de julgar os méritos dos assuntos que estão sendo colocados a seu governo. Acho que corresponde ao povo brasileiro falar sobre o que os preocupa", acrescentou.

Apesar de várias prefeituras, incluindo as de São Paulo e Rio de Janeiro, já terem anunciado a redução das passagens de ônibus, metrô e trem, os manifestantes mantiveram seus protestos e os da quinta-feira foram os mais variados até agora.

Até agora as manifestações no Brasil deixaram dois mortos, uma gari que inalou gás lacrimogêneo lançado pela polícia contra os manifestantes na cidade de Belém, e que morreu de um ataque cardíaco, e um jovem que morreu atropelado ontem na cidade de Ribeirão Preto.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

EFE   
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