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SP: manifestantes decidem continuar com ocupação na Câmara de Rio Preto

A ocupação teve início na quinta-feira quando integrantes do movimento “Vergonha Rio Preto” entraram no prédio e passaram a dormir no saguão

15 jul 2013 - 23h47
(atualizado às 23h49)
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<p>Assembleia de manifestantes durante ocupação na Câmara</p>
Assembleia de manifestantes durante ocupação na Câmara
Foto: Chico Siqueira / Especial para Terra

Os manifestantes que estão acampados no interior da Câmara Municipal de São José do Rio Preto (SP) decidiram continuar com a ocupação em assembleia realizada na noite desta segunda-feira. A ocupação teve início na quinta-feira quando integrantes do movimento “Vergonha Rio Preto”, composto na maioria por jovens estudantes e professores da rede pública e particular, entraram no prédio com colchonetes e passaram a dormir no saguão de entrada da Câmara. Eles afirmam que só vão deixar o local depois que tiverem suas reivindicações atendidas.

A assembleia foi realizada após o presidente da Câmara, Paulo Pauléra (PP), os vereadores a Mesa Diretora se reunirem e divulgarem um comunicado no qual exigem a saída dos manifestantes do prédio como condição para negociar as reivindicações feitas por eles.

“Isso não vai acontecer. Nós queremos uma reunião com todos os vereadores e só vamos deixar o prédio depois que todas nossas reivindicações forem atendidas”, afirmou um dos líderes do movimento, o professor José Paulo Dias. “Vamos continuar com a ocupação até que as autoridades se sensibilizem e atendam nossas reivindicações que são as mesmas dos moradores de Rio Preto”, completou.

Entre as pautas do movimento, está o fim do recesso parlamentar, a mudança do regimento interno da Casa, o desconto na folha de pagamento das faltas dos vereadores às reuniões ordinárias, a mudança dos horários das sessões, a participação da população nas comissões, a abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) em quatro secretarias municipais e a não construção de um terminal rodoviário urbano na área central da cidade, entre outros pedidos.

Embora não tenham se reunido com os manifestantes, os vereadores da Mesa Diretora da Câmara já se propõem em atender algumas reivindicações. “Alguns desses pedidos podemos atender, como estabelecer o fim do recesso parlamentar. Isso vamos atender”, disse o vereador Fábio Marcondes (PR), primeiro secretário da Mesa Diretora. Segundo ele, outros pedidos, como a mudança de horário das sessões, descontos de dias faltosos e mudança do regimento interno da Casa, devem ser discutidos em conjunto com os outros vereadores, mas isso deverá ser difícil porque eles já estão em recesso. Já outros temas, como a não construção do terminal, é de competência do Legislativo.

Protestos contra tarifas 
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas. 

Fonte: Especial para Terra
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