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RS: manifestação bloqueia ruas e trens; ônibus circulam parcialmente

30 ago 2013 - 07h39
(atualizado às 14h57)
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Manifestantes bloquearam vias nas proximidades da estação rodoviária de Porto Alegre na manhã desta sexta-feira
Manifestantes bloquearam vias nas proximidades da estação rodoviária de Porto Alegre na manhã desta sexta-feira
Foto: Daniel Favero / Terra

A sexta-feira começou com paralisação no transporte público e bloqueio de ruas e avenidas em Porto Alegre (RS). O movimento faz parte do Dia Nacional de Manifestações e Luta, que prevê durante todo o dia uma série de protestos organizados pelas principais centrais do Brasil em pelo menos 24 Estados e no Distrito Federal.

De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), manifestantes se posicionam nas saídas das garagens das empresas de ônibus. A estimativa era de que 60% da frota estava circulando até as 14h. As empresas Conorte, Carris, STS e Unibus estão com operação parcial na capital. As linhas de lotação e a frota de táxi atendem normalmente hoje e a EPTC autorizou que os passageiros circulem em pé nas lotações.

Os manifestantes bloquearam vias no centro da cidade, como as avenidas Mauá e Castelo Branco, na entrada de Porto Alegre; a rua da Conceição, no cruzamento com a Júlio de Castilhos; e um trecho da avenida Sertório, próximo à rua Várzea. A alça de acesso do viaduto da rodoviária, no sentido interior-capital, também foi interditada. O trânsito nas vias interrompidas foi liberado por volta das 8h.

Ônibus são depredados

De acordo com a Carris, três ônibus da empresa pública de transporte coletivo foram depredados por manifestantes e um passageiro ficou ferido.

Um dos veículos foi atingido na altura da rua Dom Diogo de Souza, próximo à avenida Assis Brasil. Um tijolo foi jogado em uma das janelas, atingindo um passageiro. Ele foi encaminhado para o hospital Cristo Redentor e liberado.

Outro carro foi apedrejado na avenida Baltazar de Oliveira Garcia. Segundo o motorista, o ataque ocorreu no momento em que as portas do veículo estavam sendo fechadas. O vidro da janela lateral direita, próxima ao cobrador, foi quebrado.

O terceiro ônibus foi atingido na lateral por uma pedra na rua Guadalajara, bairro Jardim Itu Sabará. A lataria foi furada pelo objeto. Os prejuízos estão sendo calculados.

Trens também pararam

No início da manhã, a circulação de trens foi interrompida após manifestantes invadirem os trilhos próximo às estações Niterói, em Canoas, e Unisinos. A Trensurb acionou a Brigada Militar para que os manifestantes fossem retirados.

Às 6h25, o sistema entre as estações Mercado e Sapucaia do Sul foi retomado. Por volta das 7h, a Brigada Militar retirou o grupo que protestava próximo à estação Unisinos. Quarenta minutos depois, as estações entre Sapucaia e Novo Hamburgo foram reabertas e os trens voltaram a circular em todo o sistema. De acordo com a Trensurb, aproximadamente 15 mil usuários foram afetados pela paralisação. 

Força Sindical, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) declararam apoio às manifestações, que têm como principais causas a melhoria de qualidade e redução de custos dos transportes coletivos, a garantia de investimento de 10% do produto interno bruto (PIB) na educação, o fim do fator previdenciário e a derrubada do projeto de lei (PL) 4330, que pretende regular o trabalho terceirizado.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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