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Rio: manifestantes derrubam grades no Guanabara e polícia reage

Marcha contra composição da CPI dos Ônibus se uniu a professores em greve. Em confronto com a PM, um policial foi ferido no rosto

12 ago 2013 - 21h35
(atualizado em 13/8/2013 às 07h32)
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<p>Professores tentaram ocupar prédio do governo fluminense</p>
Professores tentaram ocupar prédio do governo fluminense
Foto: Reynaldo Vasconcelos / Futura Press

Houve tumulto durante protesto em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro. Manifestantes derrubaram parte das grades que cercam o prédio. Os policiais jogaram spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Também foram usadas tasers (armas que dão choques). Os manifestantes revidaram atirando rojões e pedras nos policiais. Um policial foi atingido com uma pedrada no rosto.

A maior parte dos manifestantes faz parte dos Black Blocs, vestidos de preto e com rostos cobertos, e por diversas vezes tentaram jogar rojões contra os policiais, que estão dentro do palácio com escudos e capacetes e também posicionados do lado de fora, para tentar identificar os manifestantes mais exaltados. 

Os policiais avançaram contra o grupo para dispersá-los e, na fuga, os manifestantes iniciaram uma série de depredações, ateando fogo em lixeiras, placas de publicidade e numa banca de revistas. A Tropa de Choque foi acionada. Manifestantes seguiam pelas ruas internas do bairro de Laranjeiras e em direção ao largo do Machado, espalhando lixo pelas ruas e quebrando garrafas.

CPI dos Ônibus

Os manifestantes protestam contra a eleição do vereador Chiquinho Brazão (PMDB) para a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus na Câmara Municipal do Rio. Eles reivindicam que o cargo seja ocupado pelo vereador Eliomar Coelho (PSOL), que propôs a instalação da comissão. Pela tradição parlamentar, o cargo deveria ter sido ocupado pelo autor da proposta. Eles ainda cobram providências sobre o caso do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, desaparecido desde o dia 14 de julho, após ser levado por policiais militares para averiguação na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.

O protesto começou com uma passeata pelas ruas do centro do Rio. O grupo passou pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e o Tribunal de Justiça Estadual. 

Protesto de professores

Durante a marcha, a rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, zona sul da capital fluminense, ficou interditada nos dois sentidos, bem como o túnel Santa Bárbara, que liga a região ao centro. Depois de irem para a Câmara, os manifestantes se juntaram a um grupo de professores do Sindicato Estadual de Profissionais de Educação (Sepe), no Guanabara. Um grupo de seis docentes foi recebido pelo vice-governador Luiz Fernando Pezão. Eles estão em greve desde a última sexta-feira.

Um outro grupo de professores, que estava no saguão foi retirado pela Polícia Militar à força. Alguns deles caíram no chão. De acordo com o sindicato, o grupo pretendia permancer no local. Os professores reivindicam aumento salarial, melhores condições de trabalho e carga horária de 30 horas para os funcionários da rede estadual. Querem também a revogação das faltas para os profissionais de educação que estão em greve.

Em nota, o governo fluminense diz que Pezão e o subsecretário de Educação, Antonio Neto, receberam representantes do Sepe, "para ouvir e manter o diálogo com o sindicato. Lamentavelmente, após a reunião, parte do grupo decidiu ocupar o Palácio. Irredutíveis, foram retirados do local pela segurança". 

"Infelizmente, em seguida, grupos radicais desejosos do confronto chegaram à frente do Palácio com ações violentas e tentativas de invasão, chutando o gradil, jogando coquetéis molotov e atirando rojões. Esses grupos não estão interessados no diálogo e na democracia. Apenas apostam no caos", conclui a nota.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Com informações da Agência Brasil

Fonte: Terra
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