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'Presença do Mídia Ninja protege os manifestantes', diz integrante

5 ago 2013 - 23h18
(atualizado às 23h18)
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O jornalista Bruno Torturra, integrante do grupo Mídia Ninja (sigla para Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), que ficou conhecido por transmitir em tempo real os protestos que eclodiram pelo Brasil, afirmou nesta segunda-feira em entrevista ao programa Roda Viva que a presença do grupo nos atos protege os manifestantes. “De fato, protege, mas está mesmo protegendo a democracia”, disse. “Não estamos defendendo o argumento do manifestante, necessariamente, mas o direito de ele estar lá protestando”, completou.

Torturra também falou sobre o grupo anarquista Black Bloc, que usa como tática a desobediência civil nos protestos. “O Black Bloc, mais do que ser uma movimento, é uma lógica de quebrar símbolos do capital. A gente poderia até discutir o valor (da violência nos protestos), se é justo ou não é justo, mas se dá muito pouco espaço para discutir o que levou o Black Bloc a fazer isso”, explicou.

O produtor cultural Pablo Capilé, também integrante do Mídia Ninja, disse que, independentemente dos protesto, o Mídia Ninja sempre terá pauta. “Já estávamos nessa muito antes da jornada de junho (quando eclodiram os protestos). Das duas, três milhões de pessoas que foram para a rua, no tsunami, na hora que a onda volta, ficam 500 mil. Antes de discutir o jornalismo, temos que discutir o midiativismo. Você tem lugares muito distribuídos e pessoas completamente diferentes fazendo isso. Eu acredito que essas pessoas, de várias formas, vão continuar se manifestando. Então vamos ter muitas manifestações acontecendo, mas, independente disso, pauta não nos falta. Temos mil Amarildos”, disse, referindo-se ao desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, que sumiu no dia 14 de julho, após ser levado por policiais militares para a Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha, e provocou protestos por todo o País.

Protestos mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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