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Manifestação por mais moradia fecha avenida na zona sul de SP

29 ago 2013 - 21h55
(atualizado às 21h59)
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Cerca de 2 mil pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), fecharam os dois sentidos da avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi, zona sul paulistana, por cerca de duas horas e 20 minutos. O grupo faz parte de uma ocupação organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em um terreno que, segundo eles, pertence ao governo federal e fica próximo à favela de Paraisópolis.

De acordo com um dos coordenadores do MTST, Guilherme Boulos, a área de cerca de 10 mil metros quadrados estava abandonada há 15 anos e agora é reivindicada por 700 famílias. "O que nós queremos é que o governo federal, a prefeitura de São Paulo e o governo do Estado venham dialogar (conosco) para viabilizar um empreendimento habitacional naquele terreno", disse em referência à área que foi ocupada na semana passada pelos sem-teto.

Segundo Boulos, o trajeto da passeata foi escolhido como forma de chamar a atenção da parte mais favorecida da sociedade. "A forma de você conseguir chamar a atenção para os problemas é, infelizmente, você ir nas regiões que incomodam os ricos", declarou.

Os manifestantes saíram da rua Silveira Sampaio, no início da noite, e seguiram em direção ao estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi. 

Parte dos ocupantes vem da própria favela de Paraisópolis, como é o caso do auxiliar de serviços gerais Silvino Piauí da Silva. Ele disse que paga aluguel de R$ 500 em uma casa de dois quartos para morar com a mulher e o filho. "Todo mundo precisa de um lugar para morar. Mas a gente está tendo que pagar aluguel, com tanta coisa desocupada por aí. O governo não faz casas populares para a população", disse.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a via foi interditada às 19h04 e liberada às 21h21. Por conta do protesto, a companhia chegou a solicitar aos motoristas que evitassem a região. 

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil Agência Brasil
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