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Política

Dilma abrirá Assembleia Geral com discurso sobre espionagem dos EUA

23 set 2013 - 23h04
(atualizado às 23h44)
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<p>Dilma Rousseff se encontrou com Cristina Kirchner, presidente&nbsp;da Argentina, em Nova York</p>
Dilma Rousseff se encontrou com Cristina Kirchner, presidente da Argentina, em Nova York
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR / Divulgação

A presidente Dilma Rousseff inaugura nesta terça-feira a 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas com um esperado discurso sobre o caso de espionagem internacional dos Estados Unidos, da qual foi alvo e motivou a suspensão de sua visita oficial a Washington.

Horas antes de discursar para mais de 130 líderes mundiais - entre eles o próprio Barack Obama - reunidos na sede da ONU, em Nova York, Dilma se encontrou com a presidente argentina, Cristina Kirchner, para analisar a espionagem americana e outros temas.

"É pública e notória a situação que envolve os Estados Unidos com espionagem. Assim, esperamos o discurso com atenção", disse Kirchner, após ser recebida por Dilma no Hotel St. Regis, que hospeda a líder brasileira em Nova York. "A condenação e a atitude da presidenta é de dignidade e respeito à soberania do país. Ela, Dilma, não se viu afetada como pessoa, mas como presidenta de seu país", destacou Kirchner.

O escândalo de espionagem motivou o cancelamento da visita de Estado que Dilma faria a Washington a partir de 23 de outubro.

Dilma fará o discurso inaugural da Assembleia Geral da ONU, como manda a tradição, após as palavras iniciais do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

A presidente brasileira também se reuniu nesta segunda-feira, no St. Regis, com o ex-presidente americano Bill Clinton, mas não foram divulgados detalhes sobre a conversa.

Documentos vazados pelo ex-consultor de Inteligência Edward Snowden e publicados na imprensa revelam que a Agência Nacional de Segurança (NSA) espionou comunicações de Dilma, de membros do seu gabinete e da Petrobras. O esquema de espionagem americano afetou vários governos latino-americanos e, certamente, será um ponto de consenso nos discursos dos líderes regionais em Nova York.

"Espionagem acredito que todos sofremos, alguns mais explicitamente que outros", assinalou Cristina Kirchner, destacando que "tais atitudes afetam a dignidade de toda a região". Kirchner se referia ao episódio envolvendo o presidente boliviano, Evo Morales, que teve o espaço aéreo fechado para seu avião sobre França, Itália, Espanha e Portugal, em julho passado, diante da suspeita de que levada Snowden a bordo.

A presidente argentina também evocou o recente problema denunciado pelo líder venezuelano, Nicolás Maduro, que teve o acesso negado pelos EUA ao espaço aéreo de Porto Rico, decisão revogada posteriormente.

A Venezuela pediu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, "garantias" para que Maduro e sua comitiva serão "respeitados" pelos Estados Unidos por ocasião da Assembleia Geral, após o incidente do espaço aéreo, na quinta-feira passada.

Espionagem americana no Brasil

Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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