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África

Egito: 'sim' vence em referendo para modificar Constituição

20 mar 2011 - 14h43
(atualizado às 15h17)
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A Comissão Eleitoral do Egito anunciou neste domingo a vitória do "sim" no referendo para modificar a Constituição, realizado ontem, com 77,2% dos votos.

O anúncio foi realizado em entrevista coletiva pelo presidente da Comissão Suprema Judicial para a supervisão do referendo constitucional do Egito, Mohammed Ahmed Attiyah.

Mais de 14 milhões de egípcios, ou seja, 77,2% dos eleitores, disseram "sim" às emendas propostas à Constituição, e mais de 4 milhões (22,8%) opuseram-se, afirmou Attiyah, em coletiva de imprensa. Em torno de 18,5 milhões de pessoas compareceram às urnas, completou, uma participação de 41% dos 45 milhões de egípcios em idade para votar.

Os partidários dessa reforma limitada asseguram que esta é suficiente para organizar o retorno ao poder civil em alguns meses, após as eleições legislativas e presidenciais, conforme os planos do exército que dirige o país desde a saída de Hosni Mubarak.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos em diversas capitaos, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de fevereiro para xingar e ameaçar de morte os opositores, que desafiam seu governo já controlam partes do país. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísiae o Egitovivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

Com informações das agências AFP e EFE.

Fonte: Terra
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