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Mundo

Rebeldes rumam para o oeste à espera dos ataques de Kadafi

4 mar 2011 - 11h09
(atualizado às 11h33)
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As forças opositoras ao regime de Muammar Kadafi, que controlam o leste da Líbia, avançam nesta sexta-feira para o oeste do país, onde se preparam para resistir a um novo ataque do exército fiel ao líder líbio. As forças de oposição chegaram a Uqayla, um pequeno povoado situado 280 km a sudoeste de seu quartel-general em Benghazi e 15 km a oeste de Brega, um importante sítio petroleiro, onde houve violentos combates entre as forças fieis a Kadhafi e os insurgentes.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

Na periferia de Uqayla, um jornalista da AFP viu seis caminhonetes pick-up carregadas com armamento pesado dirigindo-se para o oeste. O capitão Choaib al Akaki, que se uniu à oposição, estava preocupado com possíveis ataques. "Tentamos limitar ao máximo as perdas de ambos os lados. Na Líbia, todos somos pais, somos um país de tribos. Todos temos familiares em Syrte", cidade natal e feudo do coronel Kadhafi, situado entre Trípoli e Benghazi, explicou.

"Não recomendamos que as pessoas vão para o oeste porque as tropas de Kadafi são fortes lá. Haverá um massacre se as pessoas forem para lá", explicou o capitão Mohamad Abddulah, que também se uniu à oposição. Segundo ele, centenas de voluntários partiram para o oeste e esperam reforços a 20 km de Uqayla.

As forças governamentais do sul desobedeceram as ordens oficiais e começaram a se dirigir para o oeste, assegurou o capitão. "Parece que (esta desobediência) atrasou seu plano de invasão", explicou Abudullah, acrescentando que um ataque poderia ocorrer a qualquer momento.

Em Brega, a oposição se prepara para uma nova contraofensiva. Cerca de 50 rebeldes instalaram um posto de controle equipado com armas antiaéreas e construíram barricadas nas ruas frente à entrada da refinaria mais importante da cidade. Os opositores se dizem otimistas e disparam tiros para o ar sem qualquer razão, segundo o jornalista da AFP.

Na periferia de Ajdabiya, 70 km a oeste de Brega, um jornalista da AFP viu vários carros dirigindo-se para o porto petroleiro. Alguns deles provinham de cidades mais a leste como Al Baida ou Tobruk. "Vim com quatro amigos. Não temos armas, mas esperamos conseguir uma quando chegarmos em Brega. Temos que demonstrar (a Kadhafi) que este é nosso país. É o momento da jihad", explicou Mohamed, 35 anos, funcionário de banco em Tobruk.

As tropas líbias voltaram a bombardear posições rebeldes nesta sexta-feira pelo terceiro dia consecutivo, no leste do país, enquanto os líderes da oposição planejavam protestos na capital Trípoli contra o ditador. Brega, um porto petroleiro, e Ajdabiya são dois pontos estratégicos na estrada que liga Trípoli a Benghazi, transformada em bastião da insurreição iniciada em 15 de fevereiro.

As tropas do coronel Muamar Kadhafi, por sua vez, mantêm o controle do oeste, perto da fronteira com a Tunísia, onde milhares de pessoas que fugiram da repressão líbia tentam atravessar a fronteira, indicou em Genebra o Alto Comissariado da ONU para os Refugias (Acnur).

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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