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Mundo

Sob pressão, Tunísia vai eleger Constituinte em julho

4 mar 2011 - 12h41
(atualizado às 13h27)
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O governo tunisiano de transição adiou as eleições gerais para depois da eleição em julho de uma Assembleia Constituinte, cedendo, segundo analistas, aos que questionam a legitimidade dos sucessores do presidente Ben Alim, derrubado em janeiro por uma rebelião popular.

O presidente interino Fued Mebaza anunciou a eleição de uma Assembleia Constituinte em 24 de julho para redigir uma nova Constituição, em um discurso exibido na televisão na noite de quinta-feira.

Para Mebaza, assim a Tunísia entra em uma "nova era, dentro de um sistema político novo que rompe definitivamente com o regime deposto".

Além disso, o novo primeiro-ministro, Beji Caid Esebsi, acusou nesta sexta-feira, em sua primeira aparição pública, o presidente deposto Zine El Abidine Ben Ali de "alta traição", crime que pode ser punido com a pena de morte.

"Não tenho a menor dúvida de que o ex-presidente é culpado de alta traição por ter renunciado a assumir suas responsabilidades de garantir a segurança e estabilidade, além de ter abandonado o país quando era comandante-em-chefe das Forças Armadas", afirmou.

O sucessor de Ben Ali não disse que eleições - presidenciais ou legislativas - acontecerão depois da primeira votação.

Para muitos analistas, a nova configuração institucional estabelece a vitória de muitos setores políticos e sociais que questionam há semanas a legitimidade do poder que substituiu Ben Ali, depois que o ex-chefe de Estado fugiu para a Arábia Saudita em 14 de janeiro.

Desde então, o país teve dois primeiros-ministros, Mohamed Ghanuchi e Beji Caid Esebsi, e três governos diferentes.

Os partidos de oposição pareciam mais satisfeitos nesta sexta-feira.

"É uma vitória do povo e da revolução", declarou à AFP Hama Hamami, principal líder do Partido Comunista Operário Tunisiano (PCOT), apesar de ter considerado o prazo de quatro meses e meio "muito curto" para a eleição de uma Assembleia Constituinte.

"É uma vitória para a Tunísia", declarou Ahmed Ibrahim, do antigo partido comunista Etajdid.

Um dos líderes dos protestos permanentes em Kasbah, bairro central de Túnis, Abdesalam Hiduri, anunciou à AFP a suspensão do movimento, apesar da proposta de Mebaza "não contemplar todas as reivindicações populares".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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