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África

Xiitas rejeitam oferta de diálogo feita pelo rei do Bahrein

19 fev 2011 - 07h50
(atualizado às 08h48)
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O principal grupo xiita de oposição ao governo do Bahrein rejeitou neste sábado a oferta de diálogo nacional feita pelo rei Hamad Isa al-Khalifa para tentar conter os protestos populares contra as autoridades do país.

16 de fevereiro - Familiares e manifestantes levam o caixão de Fadel al-Matrook, morto na terça-feirs, em Manama
16 de fevereiro - Familiares e manifestantes levam o caixão de Fadel al-Matrook, morto na terça-feirs, em Manama
Foto: Reuters

Altos membros do bloco xiita Wefaq afirmaram que o governo deve renunciar primeiro e que as tropas do Exército devem ser retiradas das ruas da capital, Manama.

As manifestações pedindo maiores direitos políticos à maioria xiita vêm sendo violentamente reprimidas. Pelo menos 50 pessoas ficaram feridas na sexta-feira, após militares abrirem fogo contra manifestantes que tentavam reocupar a praça Pérola, no centro de Manama, em meio aos funerais de quatro pessoas mortas na véspera durante a desocupação do local pelo Exército.

O rei Hamad encarregou na sexta-feira seu filho mais velho, príncipe Salman Bin Hamad Al Khalifa, de iniciar um diálogo nacional para resolver a crise política. O príncipe, que havia anteriormente pedido aos manifestantes que se retirassem das ruas, foi autorizado a dialogar com todos os partidos, segundo o comunicado do rei.

"Tarde demais"

Para a correspondente da BBC no país, Caroline Hawley, a oferta de diálogo feita pela dinastia sunita pode ter sido anunciada tarde demais para acalmar os protestos. "Para considerarmos o diálogo, o governo precisa renunciar e o Exército precisa se retirar das ruas", afirmou Abdul Jalil Khalil Ibrahim, um dos líderes do Wefaq.

O grupo político xiita, que detém 18 das 40 cadeiras no Parlamento do Bahrein, se retirou do Legislativo em protesto contra a reação do governo.

Novas manifestações tomaram as ruas de Manama no início da noite de sexta-feira. Segundo testemunhas, tiros foram ouvidos durante choques entre as forças de segurança e os manifestantes anti-governo. Na manhã deste sábado, tanques do Exército permaneciam ocupando a região no entorno da praça Pérola.

Onda

Os protestos no Bahrein são parte de uma onda de manifestações pró-democracia no mundo árabe e muçulmano, que já derrubou governantes na Tunísia e no Egito e se espalhou por países como Líbia, Argélia, Iêmen e Irã.

Desde sua independência da Grã-Bretanha, em 1971, o Bahrein tem registrado tensões entre a elite sunita e a maioria xiita, que se diz marginalizada e reprimida. O uso da força militar nos protestos recentes colocou a família real de Bahrein em rota direta de confronto com os xiitas, que compõem a maioria dos manifestantes.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou ao rei Hamad para pedir comedimento. O Bahrein é um importante aliado americano no Oriente Médio e abriga uma base da Quinta Frota Naval dos Estados Unidos.

Em sua ligação, Obama afirmou que o Bahrein precisa respeitar os "direitos universais" de seu povo e promover "uma reforma significativa". Para a correspondente da BBC em Washington Kim Ghattas, o levante no Bahrein preocupa mais o governo americano do que os protestos no Egito, por conta da maioria xiita no país, com suas possíveis ligações com o Irã.

Os Estados Unidos temem uma crescente influência regional do Irã e vê reinos governados pelos sunitas como o Bahrein e a Arábia Saudita como um contrapeso importante à influência iraniana.

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