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Mundo

Kadafi já era um mártir vivo, diz Protógenes Queiroz

20 out 2011 - 11h27
(atualizado às 14h42)
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Daniel Favero

Imagem retirada de um celular e distribuída pela agência AFP mostra o que seria Kadafi após captura, em Sirte
Imagem retirada de um celular e distribuída pela agência AFP mostra o que seria Kadafi após captura, em Sirte
Foto: AFP

O deputado federal paulista Protógenes Queiroz (PCdoB), que fez parte de uma missão oficial brasileira que viajou à Líbia, em agosto deste ano, a convite do governo de Muammar Kadafi, diz que o ditador líbio "já era um mártir vivo", ao falar sobre a captura e morte do ex-líder nesta quinta-feira. Segundo ele, os conflitos na Líbia não devem cessar, porque as diferentes frentes rebeldes passarão a lutar pelo controle do país.

"A prisão de Kadafi era só uma questão de tempo já que ele não teve o apoio internacional para permanecer no poder. A questão mais tormentosa no cenário político, é que, sendo capturado, ocorreria a morte dele: ele já era um mártir vivo", diz o deputado, que acompanhou a situação naquele país, e que teve contato com representantes de ambos os lados do conflito.

No entendimento do parlamentar brasileiro, Kadafi era um líder que tinha uma relação muito forte com suas raízes, por isso se recusava a abandonar o conflito, apesar de ter recebido ofertas de governos como a Venezuela para deixar o país. Para ele, a morte de Kadafi "pode ser um ato de consternação ou de vitória para alguns, mas, com certeza, a vitória foi dele. Ele guerreou até o final, ele nasceu guerreando e morreu guerreando", disse.

Protógenes diz que a Líbia é composta por vários clãs partidários e tribos que, durante 500 anos, sempre tiveram atritos internos e prevê que, sem o controle de Kadafi, os confrontos não vão cessar. "O longo período de cessar desses conflitos foi no período do Kadafi, embora ele tenha ficado (no poder) por 40 anos. Ele pacificou essas tribos e deu uma nova posição internacional para a Líbia no segmento econômico e social. No entanto, esses confrontos nunca deixaram de acontecer, principalmente na parte norte, de Bengazi, onde está uma tribo mais conservadora, mais antiga, assim como a tribo dele, de Sirte".

Ele acredita que a posição diplomática brasileira deve ser de alinhamento com os países que participaram da ocupação, e joga sobre os países europeus e Estados Unidos a responsabilidade sobre o futuro da Líbia. "O Brasil tem interesses econômicos e sociais com o povo líbio, que tinha uma relação fraterna conosco. Mas a responsabilidade maior é dos EUA e Europa, porque eles patrocinaram essa mudança de uma forma muito violenta."

Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque. Na dia 23 de agosto, os rebeldes invadiram e tomaram o complexo de Bab al-Aziziya, em que acreditava-se que Kadafi e seus filhos estariam se refugiando, mas não encontraram sinais de seu paradeiro. De acordo com o CNT, mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da insurreição.

Mapa localiza Sirte, onde Kadafi foi capturado

Fonte: Terra
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