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Estados Unidos

Obama pede que Mubarak não tente a reeleição este ano

1 fev 2011 - 18h22
(atualizado às 18h42)
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu ao governante egípcio, Hosni Mubarak, que não se apresente à reeleição no pleito de setembro, afirmou nesta terça-feira o The New York Times. Segundo fontes diplomáticas anônimas de Washington e Cairo citadas pelo jornal, Obama pediu a Mubarak que não tente a reeleição, o que significa que os EUA retiram seu apoio a seu aliado árabe mais próximo na região.

info infográfico distúrbios egito
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Foto: Reuters

Está previsto que Mubarak faça um anúncio em cadeia nacional para confirmar que não tentará a reeleição, informou a emissora Al Arabiya, enquanto a CNN informou que, segundo uma fonte anônima, o presidente egípcio não tentará se reeleger. A mensagem de Obama a Mubarak foi transmitida por Frank G. Wisner, um ex-diplomata com fortes vínculos com o Egito, segundo as fontes citadas pelo jornal.

No entanto, a intenção da mensagem de Wisner não era forçar a saída de Mubarak do poder, mas um "firme conselho que abra uma via para um processo de reforma que culmine em eleições livres e justas para escolher um novo líder egípcio em setembro", segundo o The New York Times.

Ele acrescentou que, por enquanto, não está claro se a Administração de Obama apoia a saída de Mubarak do poder para a formação de um governo de transição, composto por líderes da oposição - possivelmente sob a liderança de Mohamed ElBaradei -, ou de um governo interino dirigido por membros do atual regime. Wisner, amigo de Mubarak, está de volta a Washington após cumprir uma missão para "manter o diálogo" aberto, disse uma fonte próxima ao ex-diplomata.

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, pronunciou nesta terça-feira um importante discurso à nação depois de uma jornada em que centenas de milhares de pessoas foram às ruas das cidades do país para exigir seu afastamento.

Mubarak, no cargo há 30 anos, anunciou que não vai disputar a presidência de novo, mas que ficará até o fim de seu mandato para atender as exigências dos manifestantes.

Pelo menos 1 milhão de pessoas saíram às ruas nesta terça, em cenas nunca vistas antes na história moderna do país, exigindo em uníssono a renúncia de Mubarak. Mais de 200 mil egípcios se concentraram na praça Tahrir, no centro do Cairo, e 20 mil saíram em passeata na cidade de Suez, no leste do país.

Protestos convulsionam o Egito

A onda de protestos contra o presidente Hosni Mubarak, iniciados em 25 de janeiro, tomou nova dimensão no dia 29. O governo havia tentado impedir a mobilização cortando a internet, mas a medida não surtiu efeito. O líder então enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher - ignorado pela população - e disse que não renunciaria. Além disso, defendeu a repressão e anunciou um novo governo, que buscaria "reformas democráticas". A declaração foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da política antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na segunda-feira, o principal grupo opositor, os Irmãos Muçulmanos, disse que não vão dialogar com o novo governo. Depois de um domingo sem enfrentamentos, os organizadores dos protestos convocaram uma enorme mobilização para a terça, dia 1º de fevereiro. Uma semana após o início dos protestos, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que informações não confirmadas sugerem que até 300 pessoas podem ter morrido e que há mais de 3 mil feridos do país.



EFE   
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