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Estados Unidos

Mubarak precisa dar significado às suas palavras, diz Obama

28 jan 2011 - 21h38
(atualizado às 22h01)
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Logo após o presidente do Egito, Hosni Mubarak, discursar na TV estatal, o líder americano também veio a público. Barack Obama disse que os Estados Unidos vão ficar do lado do povo egípcio e que Mubarak terá de fazer valer a promessa de "reformas democráticas" anunciadas minutos antes. "O presidente egípcio precisa dar significado às suas palavras", disse ele, em pronunciamento direto da Casa Branca.

Egito: imagens mostram feridos nos confrontos desta sexta:

No rápido discurso, Obama fez questão de expressar preocupação com a manutenção dos direitos dos cidadãos egípcios. "Os egípcios têm direitos que são universais de se expressar, de se reunir para reivindicar. Os Estados Unidos vão lutar por isso", disse, fazendo referência também ao bloqueio dos meios de comunicação em pleno século XXI. Obama acrescentou que o todos os governos precisam ouvir o seu povo, pedindo que o regime de Mubarak não use mais violência contra a população.

"Quero ser muito claro em chamar as autoridades egípcias a se abster de exercer qualquer violência contra manifestantes pacíficos", disse Obama em uma declaração pouco depois de falar durante 30 minutos por telefone com Mubarak. "Disse (a Mubarak) que ele é responsável" por "tomar passos concretos e ações que cumpram a promessa" feita ao povo egípcio de realizar reformas democráticas e econômicas. Mais cedo, em seu discurso, Mubarak havia defendido a ação da polícia e dito que existe uma linha tênue entre liberdade e caos.

"Eu asseguro que estou trabalhando pelo povo e garantindo a liberdade de opinião desde que a lei seja respeitada. Há uma linha muito tênue entre a liberdade e o caos. Nós temos que ser cuidadosos sobre qualquer coisa que nos leve ao caos. Não haverá democracia se houver caos", afirmou o líder egípcio. "Estou consciente das aspirações em favor de mais democracia, do combate ao desemprego, da luta contra a pobreza e do combate à corrupção", acrescentou. "Mas os objetivos buscados não podem ser conseguidos pela violência, mas pelo diálogo nacional e esforços que unam as partes".

Violência nas ruas
Os protestos no Egito se intensificaram na última terça-feira, o "Dia da Ira", mas foi hoje o dia de maior tensão no país. Já na madrugada, os egípcios receberam a notícia de que o governo suspendia temporariamente a internet, visando prejudicar a comunicação dos manifestantes. Até agora, a rede mundial de computadores vinha sendo a principal forma de mobilização das massas.

À tarde, o líder oposicionista Mohamad ElBaradei - que na quinta-feira regressou ao Egito - participou de uma oração coletiva com 2 mil egípcios em uma mesquita no Cairo. Pouco depois, quando se ensaiava mais uma manifestação contra o governo, autoridades detiveram ElBaradei dentro do local, impedindo-o de prosseguir com o povo.

No decorrer do dia, os protestos tomaram corpo. Dezenas de milhares de egípcios saíram às ruas das principais cidades do país, dando novo vulto à onda de revolta. Confrontos foram registrados entre os manifestantes, cada vez em maior número, e a polícia, que não conseguia conter as manifestações. Em resposta às massas, o presidente Hosni Mubarak anunciou um toque de recolher na capital Cairo e nas cidades de Alexandria e Suez.

A medida não surtiu efeito. Os protestos prosseguiram e chegaram à sede do partido de Mubarak, o Partido Nacional Democrático. O prédio foi parcialmente incendiado, e manifestantes tentaram invadi-lo. Ao menos um carro das forças de segurança também foi queimado.

À medida que a tensão crescia, a Secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, fez um pronunciamento em Washington, no qual ela defendeu o direito da manifestação democrática. "Estamos seguindo de perto a situação no Egito. Pedimos que as autoridades mantenham a calma e permitam manifestações pacíficas", assinalou ela. Antes disso, a ONU já havia se pronunciado temendo a escalada dos conflitos.



Fonte: Terra
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