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Distúrbios no Mundo Árabe

Irmãos Muçulmanos rejeitam diálogo com premiê e criticam Mubarak

31 jan 2011 - 08h50
(atualizado às 11h24)
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O grupo dos Irmãos Muçulmanos, a maior força da oposição no Egito, rejeitou nesta segunda-feira manter qualquer diálogo com o novo primeiro-ministro, general Ahmed Shafiq, e criticou o presidente, Hosni Mubarak, por tê-lo proposto na véspera.

Ministros do governo renunciam no Egito:

"Ahmed Shafiq e Omar Suleiman (vice-presidente) são pilares do regime e partícipes da injustiça e da corrupção, e a partir de suas mãos nunca conseguiremos reformas, tampouco a democracia", declarou à agência EFE um dos dirigentes dos Irmãos, Mahmoud Ghazali.

No domingo à noite, Mubarak encarregou Shafiq, premiê desde sábado, que dialogue com a oposição e promova a democracia no país, como informou a televisão pública.

"Só queremos dialogar com o Exército, o único em que confiamos, para chegar a um acordo sobre a transferência do poder de maneira pacífica", acrescentou.

Ghazali garantiu que a proposta de Mubarak para dialogar com a oposição "chega muito tarde" e acrescentou que "o povo rejeita todas estas faces de Mubarak, Shafiq e Suleiman".

O dirigente dos Irmãos insistiu em que o único pedido do povo continua sendo derrubar o regime e que em caso de Mubarak não deixar a Presidência, os cidadãos permanecerão nas ruas.

Segundo Ghazali, o grupo islâmico rejeita Mubarak e todo seu Governo e classifica as propostas para dialogar com a oposição de tentativas de "enganar ao povo até que se tranquilizem".

A oposição egípcia anunciou na véspera a criação de um comitê do qual fazem parte, entre outros grupos, os Irmãos Muçulmanos e a Assembleia Nacional para a Mudança, liderada pelo prêmio nobel da Paz Mohamed ElBaradei, com a missão de aproximar aos militares para criar pontes de comunicação, à margem do regime.

Protestos convulsionam o Egito

A onda de protestos contra o presidente Hosni Mubarak, iniciados em 25 de janeiro, tomou nova dimensão no dia 29. O governo havia tentado impedir a mobilização cortando a internet, mas a medida não surtiu efeito. O líder então enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher - ignorado pela população - e disse que não renunciaria. Além disso, defendeu a repressão e anunciou um novo governo, que buscaria "reformas democráticas". A declaração foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da política antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na segunda-feira, o principal grupo opositor, os Irmãos Muçulmanos, disse que não vão dialogar com o novo governo. Depois de um domingo sem enfrentamentos, os organizadores dos protestos convocaram uma enorme mobilização para a terça, dia 1º de fevereiro.Depois Já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.



EFE   
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