PUBLICIDADE

Distúrbios no Mundo Árabe

Unesco pede proteção do patrimônio cultural no Egito

1 fev 2011 - 09h47
(atualizado às 11h52)
Compartilhar

A Unesco fez nesta terça-feira um chamado a proteção do patrimônio cultural no Egito diante dos atos de vandalismo registrados nos últimos dias e pediu "aos envolvidos no conflito" que respeitem a liberdade de expressão no país.

Começa greve geral no Egito:

"Os monumentos e as obras de arte do patrimônio cultural egípcio fazem parte do legado ancestral da humanidade deixado ao longo dos séculos", disse em comunicado a diretora geral da Unesco, Irina Bokova.

Bokova lembrou que "as 120 mil obras do Museu Egípcio do Cairo", até onde se estenderam as ações de vandalismo durante os protestos, "têm valor científico e econômico incalculável, mas sua valia é antes de tudo inestimável porque representam a identidade cultural da população egípcia".

"Peço solenemente a adoção de medidas necessárias para proteger os tesouros do Egito no Cairo, em Luxor e em todos os demais lugares culturais e históricos do país", assinalou a representante da Unesco.

Em sua mensagem solicitou respeito à liberdade de expressão, "pilar essencial da democracia", e destacou que "impedir aos meios de informação que realizem seu trabalho não restabelecerá a tranquilidade, nem criará as condições necessárias para um diálogo construtivo".

Bokova considerou "preocupante" a notícia recebida sobre a suspensão dos serviços de acesso à internet, o fechamento da rede de televisão catariana Al Jazeera no Egito, a revogação dos credenciais de seus jornalistas, e a suposta detenção de alguns repórteres.

Antes de tudo, no entanto, a diretora da Unesco expressou sua "compaixão em direção às vítimas do protesto cívico e de suas famílias", e deplorou a morte de 190 pessoas nas manifestações contra o regime egípcio.

Protestos convulsionam o Egito

A onda de protestos contra o presidente Hosni Mubarak, iniciados em 25 de janeiro, tomou nova dimensão no dia 29. O governo havia tentado impedir a mobilização cortando a internet, mas a medida não surtiu efeito. O líder então enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher - ignorado pela população - e disse que não renunciaria. Além disso, defendeu a repressão e anunciou um novo governo, que buscaria "reformas democráticas". A declaração foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da política antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na segunda-feira, o principal grupo opositor, os Irmãos Muçulmanos, disse que não vão dialogar com o novo governo. Depois de um domingo sem enfrentamentos, os organizadores dos protestos convocaram uma enorme mobilização para a terça, dia 1º de fevereiro. Uma semana após o início dos protestos, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse que informações não confirmadas sugerem que até 300 pessoas podem ter morrido e que há mais de 3 mil feridos do país.



EFE   
Compartilhar
Publicidade