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Mundo

Vaticano reconhece CNT líbio após morte de Kadafi

20 out 2011 - 16h10
(atualizado às 17h28)
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O Vaticano reconheceu nesta quinta-feira como "legítimo representante do povo líbio, conforme o direito internacional", o Conselho Nacional de Transição (CNT), após a captura e morte nesta quinta-feira do ex-ditador Muammar Kadafi. Em nota oficial, a Santa Sé informou que já teve "diversos contatos" com as novas autoridades da Líbia, e expressou seu "apoio" ao povo líbio e à sua transição política, com o desejo de que tenha sucesso na reconstrução do país norte-africano.

Conheça a história do ex-ditador líbio Muammar Kadafi:

"A notícia da morte do coronel Muammar Kadafi fecha a demais longa e trágica fase da luta sangrenta pela derrocada de um regime duro e opressivo", disse o Vaticano. "Este assunto dramático obriga mais uma vez a reflexão sobre o preço do sofrimento humano imenso que acompanha a afirmação e a queda de todo sistema que não esteja fundado sobre o respeito e a dignidade da pessoa, mas sobre a afirmação do poder", acrescentou.

A Santa Sé espera que os novos governantes possam empreender o mais rápido possível a necessária obra de pacificação e reconstrução do país, apagando qualquer sentimento de vingança no povo líbio e com um espírito integrador baseado na Justiça e no Direito. "É oportuno lembrar que é praxe constante da Santa Sé, ao estabelecer relações diplomáticas, reconhecer os Estados, e não os governos. Portanto, a Santa Sé não procedeu a um formal reconhecimento do CNT como governo da Líbia", explicou o Vaticano.

"Tendo em vista que o CNT já se constituiu de modo efetivo como governo em Trípoli, a Santa Sé o considera o legítimo representante do povo líbio, conforme o direito internacional", acrescentou. O Vaticano teve contatos com as novas autoridades líbias em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, e na própria capital líbia em uma visita de 2 a 4 de outubro do núncio apostólico Tommaso Caputo.

A Santa Sé informou ainda que por meio de sua "pequena comunidade católica" na Líbia pretende continuar a oferecer serviços de caridade ao povo líbio.

Insurreição líbia culmina com queda de Sirte e morte de Kadafi

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque.

Dois meses depois, os rebeldes invadiram Beni Walid, um dos últimos bastiões de Kadafi. Em 20 de outubro, os rebeldes retomaram o controle de Sirte, cidade natal do coronel e foco derradeiro do antigo regime. Os apoiadores do CNT comemoravam a tomada da cidade quando os rebeldes anunciaram que, no confronto, Kadafi havia sido morto. Estima-se que mais de 20 mil pessoas tenham morrido desde o início da insurreição.

EFE   
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