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Mundo

Forças de Kadafi impõe resistência feroz em últimos redutos

17 set 2011 - 15h48
(atualizado às 16h46)
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Os combatentes leais às novas autoridades líbias enfrentavam neste sábado uma feroz resistência das tropas fieis ao líder deposto Muammar Kadafi em seus redutos de Sirte e Bani Walid, palcos de sangrentos combates.

Combatente leal ao novo governo dispara lança foguetes durante confronto nos arredores de Sirte
Combatente leal ao novo governo dispara lança foguetes durante confronto nos arredores de Sirte
Foto: Reuters

A tomada de controle de Sirte e Bani Walid é, no entanto, questão de "alguns dias", segundo Ahmad Bani, porta-voz do braço militar do Conselho Militar de Transição (CNT), órgão político da rebelião que derrubou Muammar Kadafi.

Mas em terra, os combatentes que retornavam destas duas localidades relatavam uma forte resistência dos pró-Kadafi, que utilizam foguetes, obuses e artilharia pesada para defender seus bastiões.

Em Bani Walid, um oásis localizado 170 km a sudoeste de Trípoli, ocorriam violentos confrontos neste sábado à tarde após um contra-ataque dos pró-Kadafi, que deixaram ao menos um morto e vários feridos no campo inimigo, segundo combatentes do CNT e um correspondente da AFP.

Na véspera, estes combatentes já precisaram realizar um recuo tático noturno para evitar, segundo eles, os disparos dos francoatiradores posicionados nesta cidade.

Em Sirte, região natal de Kadafi 360 km a leste de Trípoli, as forças do CNT prosseguiram com seu avanço, mas precisaram voltar sob o fogo dos leais ao líder deposto.

De acordo com fontes médicas em um hospital de campanha, ao menos 10 pessoas foram mortas e 40 feridas, aparentemente todas elas integrantes das forças do novo regime.

Pelo menos 6 mil combatentes do CNT se mobilizaram na frente de Sirte, disse neste sábado à AFP Salem Jeha, comandante do conselho militar insurgente em Misrata. Jeha afirmou que o aeroporto de Sirte encontra-se sob controle total dos combatentes pró-CNT desde a noite de sexta-feira.

"A partir de agora, estamos nos focando em um grupo de prédios da cidade e seus arredores, especialmente Wani Abu Hadi, onde as forças de Kadhafi se concentraram", explicou.

De acordo com o comandante, "talvez existam focos de resistência, mas não serão capazes de resistir às forças massivas dos revolucionários", e a libertação de Sirte "já está resolvida, nosso objetivo agora é libertar o sul".

No entanto, Abdul Rauf al Mansori, um combatente que regressava da frente, mostrou-se muito menos otimista neste sábado à tarde. Segundo ele, ninguém controla o aeroporto e menos ainda a cidade: "Não controlamos nem mesmo 5% de Sirte, porque a única coisa que fazemos é entrar e depois sair".

Em vários bairros, os pró-Kadafi atacaram as forças do CNT com artilharia pesada, enquanto os militares do novo regime reagiam com foguetes Grad, segundo uma jornalista da AFP no local.

O comandante Jeha assegurou que as forças anti-Kadafi faziam o possível para evitar perdas humanas e disse que a metade dos civis fugiram quando suas tropas entraram na cidade na noite de quinta-feira. "Não usamos armas pesadas, a não ser para proteger nossos revolucionários quando são atacados", disse.

A cidade era sobrevoada permanentemente por aviões da Otan, que indicou ter bombardeado 20 alvos na sexta-feira na região de Sirte.

No âmbito diplomático, o CNT - que já havia sido reconhecido por quase 50 países - conquistou o direito de ocupar a vaga da Líbia na Assembleia Geral da ONU.

Isso permitirá ao líder do CNT, Mustafa Abdel Jalil, participar na reunião anual de Nova York que começa na próxima semana, quando também se encontrará com o presidente americano Barack Obama.

Por sua vez, o Conselho de Segurança da ONU anunciou o descongelamento parcial dos bens líbios e o envio de uma missão ao país petroleiro para redigir uma nova Constituição e ajudar a organizar eleições.

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Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli

Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.

A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque. Na dia 23 de agosto, os rebeldes invadiram e tomaram o complexo de Bab al-Aziziya, em que acreditava-se que Kadafi e seus filhos estariam se refugiando, mas não encontraram sinais de seu paradeiro. De acordo com o CNT, mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da insurreição.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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