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Julgamento do Mensalão

Mendes condena 3 por lavagem: corte exige prova quase diabólica

17 out 2012 - 16h25
(atualizado às 16h42)
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Fernando Diniz
Direto de Brasília

Na retomada da análise do item sete da denúncia do mensalão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes votou nesta quarta-feira pela condenação dos ex-deputados Paulo Rocha (PT-PA) e João Magno (PT-MG) e do ex-ministo dos Transportes Anderson Adauto pelo crime de lavagem de dinheiro. Os três já receberam cinco votos pela absolvição, contra três pela condenação.

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Para Gilmar Mendes, os acusados tinham consciência que o dinheiro recebido tinha como origem o grupo do empresário Marcos Valério, e não o Partido dos Trabalhadores (PT). A defesa dos dois alega que o dinheiro fora pedido ao então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, para o pagamento de dívidas de campanha.

"Resta comprovado dos autos que a origem do dinheiro não é o PT, os valores tem origem da engenharia financeira criada por Marcos Valério e seus sócios", disse Gilmar Mendes.

O ministro afirma que depoimentos citados pela denúncia do Ministério Público Federal (MPF) comprova o recebimento do dinheiro do valerioduto pelos réus. Para ele, as provas são suficientes.

"Se todos os elementos não são necessários para mostrar a saciedade e o reconhecimento do réu acerca da ilicitude do dinheiro, penso que a corte exige do Ministério Público uma prova quase diabólica, uma prova impossível, e praticamente escancara a porta da ilegalidade", afirmou.

Rocha, Magno e Adauto não são ligados ao esquema de compra de votos na denúncia do mensalão, mas são acusados de receber dinheiro do esquema operado por Marcos Valério. Rocha teria recebido R$ 820 mil com a ajuda da assessoria Anita Leocádia para o pagamento de dívidas do diretório do PT no Pará. João Magno teria recebido R$ 360 mil, segundo o MPF.

Filiado ao PL (atual PR) na época dos fatos, Anderson Adauto também teria recebido dinheiro de Marcos Valério. Para ele, o operador do mensalão teria repassado R$ 950 mil por intermédio de seu chefe de gabinete, José Luiz Alves.

Mendes acompanhou o relator, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, na absolvição de Anita Leocádia, José Luiz Alves e o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP),ex-líder do governo Lula na Câmara.

O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.

No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.

Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.

O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.

Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Fonte: Terra
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