PUBLICIDADE

Polícia

Promotoria afirma que jurados reconheceram massacre no Carandiru

A condenação de 25 réus a 624 anos de prisão foi vista como mudança de paradigma de uma sociedade que não compactua com o desrespeito à vida

3 ago 2013 - 05h49
(atualizado às 05h58)
Compartilhar
Exibir comentários

O promotor Fernando Pereira da Silva afirmou na madrugada deste sábado que a condenação de 25 policiais militares a 624 anos de prisão por conta da participação no episódio do "massacre do Carandiru", em outubro de 1992, foi a reafirmação de que a ação dos policiais que atuaram no interior da Casa de Detenção naquela data foi criminosa e que a sociedade está vivendo uma situação de mudança de paradigma.

"É uma mudança de rumo, que a gente tem de esperar da sociedade. Isso não apenas diante da violência policial, mas uma mudança de paradigma dentro da estrutura de polícia brasileira. Quando eu estive aqui no primeiro julgamento, ninguém acreditava na condenação. Mais uma vez a promotoria de Justiça está satisfeita com a decisão dos jurados, que reconheceram que estes policiais praticaram os crimes pelos quais foram condenados e da efetiva ocorrência de um massacre", disse ele.

"Vocês vão decidir que polícia querem na rua", diz defesa
Absolver PMs é 'cuspir na cara do bom policial', diz acusação
Defesa cita 'Tropa de Elite' e acusa governo para absolver PMs
MP exalta letalidade da Rota e acusa PM de 'plantar' armas

O promotor lembrou que desde abril, quando houve o primeiro julgamento e 23 policiais foram condenados a 156 anos de prisão, houve muita discussão entre a população e nos blogs e chats da Internet, que se manifestaram contrários à decisão.

"A voz da sociedade dentro de um julgamento é dada dentro do tribunal do júri, não é dada nas ruas apenas. Não é dada àqueles que se manifestam em blogs e em enquetes pela Internet. Aqui o jurado tem a oportunidade de, após cinco dias de julgamento, ouvindo as testemunhas, analisando os documentos do processo, ouvindo os argumentos das partes, decidir que efetivamente o que aconteceu naquele dia foi um massacre. E que mais do que isso, a sociedade não vai compactuar com o desrespeito à vida".

O promotor Eduardo Olavo Canto, que auxiliou Pereira da Silva durante o júri disse que essa condenação servirá de norte para os julgamentos que restam. "Acredito que ainda temos outros julgamentos e confiança que outras condenações virão. Servem como norte, não duvido".

Canto disse que o que garantiu a condenação dos réus foi a robustez das provas contra os réus. "Havia muitas provas de que eles produziram um massacre no dia 2 de outubro de 1992. Foi uma avaliação muito criteriosa.

Relembre o caso

Em 2 de outubro de 1992, uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos. Os policiais são acusados de disparar contra presos que estariam desarmados. A perícia constatou que vários deles receberam tiros pelas costas e na cabeça.

Entre as versões para o início da briga está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Já os detentos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam a invasão. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade