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Empresas sul-coreanas começam a retirar seus empregados do Egito

31 jan 2011 - 01h29
(atualizado às 01h47)
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Grandes empresas sul-coreanas como Samsung, LG e Hyundai começaram a evacuar seus trabalhadores no Egito e reduziram suas operações no país devido à revolta popular, informou nesta segunda-feira a agência Yonhap.

Muitos empresários e investidores sul-coreanos se mantêm fechados em suas casas nas principais cidades egípcias, enquanto suas famílias começaram a deixar o país árabe, segundo a Agência de Promoção de Comércio e Investimentos da Coreia do Sul (Kotra).

"A maioria das companhias sul-coreanas deixou de operar com normalidade devido à extensão dos protestos e muitas estão transferindo seus trabalhadores para a Coreia do Sul ou outros países", indicou a Kotra em comunicado.

O Ministério de Exteriores sul-coreano disse que está tentado aumentar o número de voos procedentes do Cairo para evacuar seus cidadãos, já que há um grande número de sul-coreanos que querem deixar esse país. A companhia aérea Korean Air modificou os horários de seus voos para evitar o toque de recolher no Cairo, enquanto estuda a possibilidade de aumentar o número de aparelhos para sair do Egito.

Além disso, empresas como a LG Electronics se viram obrigadas a deter todas suas operações, já que um grande número de seus trabalhadores não conseguiu chegar a seus postos de trabalho por causa dos protestos. De acordo com a KOTRA, a revolta egípcia põe também em perigo nove investimentos sul-coreanos num total de US$ 156 milhões.

A Coreia do Sul teme que a crise no Egito afete negativamente suas exportações ao país árabe, já que os escritórios de alfândegas permanecem fechados e as comunicações dentro do país estão limitadas. O Egito, quarto mercado da Coreia do Sul entre os países árabes, importou em 2010 do país asiático bens no valor de US$ 2,24 bilhões, enquanto suas exportações chegaram a US$ 938 milhões.

Egípcios desafiam governo Mubarak

A onda de protestos dos egípcios contra o governo do presidente Hosni Mubarak, iniciados no dia 25 de janeiro, tomou nova dimensão na última sexta-feira. O governo havia tentado impedir a mobilização popular cortando o sinal da internet no país, mas a medida não surtiu efeito. No início do dia, dois mil egípcios participaram de uma oração com o líder oposicionista Mohamad ElBaradei, que acabou sendo temporariamente detido e impedido de se manifestar.

Os protestos tomaram corpo, com dezenas de milhares de manifestantes saindo às ruas das principais cidades do país - Cairo, Alexandria e Suez. Mubarak enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher, o qual acabou virtualmente ignorado pela população. Os confrontos com a polícia aumentaram, e a sede do governista Partido Nacional Democrático foi incendiada.

Já na madrugada de sábado (horário local), Mubarak fez um pronunciamento à nação no qual ele disse que não renunciaria, mas que um novo governo seria formado em busca de "reformas democráticas". Defendeu a repressão da polícia aos manifestantes e disse que existe uma linha muito tênue entre a liberdade e o caos. A declaração do líder egípcio foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981.

Mubarak, à revelia da pressão popular que persiste nas cidades egípcias, ainda não deu sinais de que irá renunciar. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou a ampliação do toque de recolher, bem como o retorno da política antimotins para tentar conter as manifestações. E a a emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.



Protestos voltam a se intensificar no Egito:
EFE   
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