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Japão freta aviões para retirar seus cidadãos do Egito

31 jan 2011 - 00h58
(atualizado às 10h31)
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O governo japonês fretará aviões charter para evacuar a partir desta segunda-feira todos seus cidadãos que se encontrem no Egito e desejem sair do país, informou a agência local Kyodo. Segundo o Ministério de Exteriores japonês, calcula-se que atualmente há cerca de 1.600 japoneses no Egito, entre residentes e turistas.

Está previsto que aviões fretados pelo governo, com capacidade para transportar 180 pessoas, façam três viagens entre Cairo e Roma a fim de resgatar japoneses que ficaram retidos no Egito, imerso em uma profunda crise.

Além disso, o governo do Japão prevê que grupos de cidadãos possam deixar o país árabe em aviões comerciais. No final da noite deste domingo, 335 dos 600 japoneses que esperavam no aeroporto do Cairo saíram do país em um avião da Egyptair com destino a Tóquio.

O ministro de Exteriores do Japão, Seiji Maehara, pediu nos últimos dias ao governo de Hosni Mubarak que evite a violência para responder à revolta popular e que estabeleça um canal de diálogo com os manifestantes.

O governo japonês recomendou a seus cidadãos que mudem a data de suas viagens ao Egito se estavam previstas para estes dias.

Egípcios desafiam governo Mubarak

A onda de protestos dos egípcios contra o governo do presidente Hosni Mubarak, iniciados no dia 25 de janeiro, tomou nova dimensão na última sexta-feira. O governo havia tentado impedir a mobilização popular cortando o sinal da internet no país, mas a medida não surtiu efeito. No início do dia, dois mil egípcios participaram de uma oração com o líder oposicionista Mohamad ElBaradei, que acabou sendo temporariamente detido e impedido de se manifestar.

Os protestos tomaram corpo, com dezenas de milhares de manifestantes saindo às ruas das principais cidades do país - Cairo, Alexandria e Suez. Mubarak enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher, o qual acabou virtualmente ignorado pela população. Os confrontos com a polícia aumentaram, e a sede do governista Partido Nacional Democrático foi incendiada.

Já na madrugada de sábado (horário local), Mubarak fez um pronunciamento à nação no qual ele disse que não renunciaria, mas que um novo governo seria formado em busca de "reformas democráticas". Defendeu a repressão da polícia aos manifestantes e disse que existe uma linha muito tênue entre a liberdade e o caos. A declaração do líder egípcio foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981.

Mubarak, à revelia da pressão popular que persiste nas cidades egípcias, ainda não deu sinais de que irá renunciar. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou a ampliação do toque de recolher, bem como o retorno da política antimotins para tentar conter as manifestações. E a a emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.



Prêmio Nobel faz discurso junto a manifestantes no Cairo:
EFE   
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