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Estados Unidos

Massacre em Connecticut reaviva debate sobre armas nos EUA

14 dez 2012 - 20h46
(atualizado às 21h48)
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Após um ano com vários registros de massacres como o desta sexta-feira em uma escola primária em Connecticut, o debate sobre a legislação sobre porte de armas volta à tona nos Estados Unidos. A Casa Branca se negou a tomar posição sobre o tema da reforma das leis que regulamentam a venda de armas de fogo.

Mulher chora ao falar no telefone enquanto espera por notícias da irmã, uma professora na escola Sandy Hook
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Foto: AP

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"Não penso que hoje seja o dia" para discutir política, disse o porta-voz do governo, Jay Carney, ao ser consultado sobre a questão. "Acho que é importante, em um dia como hoje, ver as coisas assim, como sei que o presidente faz como pai e eu, como pai, e outras pessoas que são pais e mães, que é sentindo uma enorme compaixão pelas famílias afetadas", assegurou.

No entanto, o representante democrata Jerrold Nadler respondeu imediatamente, através de sua conta no Twitter: "se este não é o momento de termos uma discussão séria sobre o controle de armas, não sei quando (este momento) chegará", escreveu.  "(O tema) continua sendo uma pessoa instável que tinha acesso a armas de fogo e cometeu um crime horrível contra crianças inocentes", explicou. "Peço ao presidente (Barack) Obama, ao Congresso e à população americana a agir além do choque e, finalmente, fazerem algo", acrescentou Nadler.

O porta-voz de Obama assegurou que a postura do presidente é a de assegurar que aqueles que não estão autorizados a portar armas não tenham acesso a elas, garantindo ao mesmo tempo ao restante dos americanos o direito de possuir armas contido na Constituição, na famosa Segunda Emenda que o lobby das armas defende com unhas de dentes.

Sem esconder o cansaço e a revolta, a mídia americana imediatamente reavivou o debate sobre o porte de armas, da mesma forma que fez quando 12 pessoas morreram durante um outro massacre em um cinema do Colorado (oeste), e esta semana, após um tiroteio em um centro comercial do Oregon (nordeste), que provocou três mortes.

"Este não é um dia para a política", disse Susan Page, chefe do escritório em Washington do influente jornal USA Today. Mas "este é o ponto sem retorno? Eu não sei", questionou-se. "Falta que se veja a mudança, que seja mensurável", disse o jornalista Alex Wagner, da emissora MSNBC. "Esperamos que haja suficiente peso político para reformar a forma como tratamos (o tema de) as armas e a violência causada por armas de fogo neste país", acrescentou.

No entanto, os defensores da Segunda Emenda da Constituição insistem em que a solução não vá pelo lado da restrição da venda de armas semi-automáticas. A venda de armas automáticas, por outro lado, permanece proibida. "Rejeitamos o uso indevido das armas de fogo", disse à AFP Alan Gottlieb, fundador da Fundação Segunda Emenda (FSE). "Mas há um lado bom das armas que não se pode esquecer (...) Todos estes crimes completamente loucos ocorreram em lugares onde está proibido ter armas", acrescentou, considerando que os adultos da escola deveriam ter o direito a estar armados.

Barack Obama tem argumentado que a oposição republicana no Congresso torna possível qualquer reforma das leis federais sobre o comércio de armas, especialmente a proibição dos fuzis de assalto, votada na década de 1990 sob o mandato do democrata Bill Clinton, mas que expirou em 2004 durante o governo do republicano George W. Bush.

Protesto na Casa Branca

Defensores do controle da posse de armas se reuniram na noite desta sexta-feira diante da Casa Branca para fazer uma vigília e pedir ação ao presidente Obama. Ao menos 50 manifestantes enfrentaram a noite fria, alguns com cartazes pedindo "Protejam nossas crianças: proibição de armas já" e "Presidente, rezamos por suas ações".

Um dos manifestantes, o reverendo Michael McBride, pediu a Obama que o controle de armas seja uma principais causas do segundo mandato de seu governo, que começa em janeiro. "Acreditamos que o nosso presidente é o líder do país, um homem sábio, afável, e queremos esta liderança traduzida em ação", disse McBride. Os manifestantes concluíram a vigília abraçados e cantando "We Shall Overcome", a canção de protesto que se tornou o hino da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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