China reitera oposição à intervenção na Líbia e pede cessar-fogo
A China voltou a manifestar sua oposição à intervenção militar na Líbia nesta terça-feira, lamentando as vítimas civis provocadas pelos bombardeios da coalizão internacional, desde sábado, e pedindo um cessar-fogo imediato.
"O objetivo da resolução da ONU consiste em proteger a população civil, mas as ações militares de alguns países fizeram vítimas", criticou Jiang Yu, porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês.
"A China é contra o uso da força, que pode causar prejuízos às vítimas civis e uma crise humanitária na Líbia", acrescentou. "Solicitamos o cessar-fogo imediato", insistiu, sem indicar se referia-se à ofensiva lançada pelo Ocidente ou aos confrontos em terra entre as forças leais ao ditador Muammar Kadafi e os insurgentes.
Pequim já havia expressado seu mal-estar com a situação no último domingo. A resolução 1973 das Nações Unidas, adotada na quinta-feira da semana passada, autorizou o uso da força para proteger a população líbia. A China, membro permanente do Conselho de Segurança, absteve-se da votação, mas não exerceu seu direito de veto para bloquear a proposta de intervenção.
Cindida entre rebeldes e forças de Kadafi, Líbia mergulha em guerra civil
Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Entretanto, enquanto os casos tunisiano e egípcio evoluíram e se resolveram principalmente por meio protestos pacíficos, a situação da Líbia tomou contornos bem distintos, beirando uma guerra civil.
Após semanas de violentos confrontos diários em nome do controle de cidades estratégicas, a Líbia se encontrava atualmente dividida entre áreas dominadas pelas forças de Kadafi e redutos da resistência rebeldes. Mais recentemente, no entanto, os revolucionários viram seus grandes avanços a locais como Sirte e o porto petrolífero de Ras Lanuf serem minados no contra-ataque de Kadafi, que retomou áreas no centro da Líbia e se aproxima das portas de Benghazi, a capital da resistência rebelde, no leste líbio.
Essa contra-ofensiva governista mudou a postura da comunidade internacional. Até então adotando medidas mais simbólicas que efetivas, ao Conselho de Segurança da ONU aprovou em 17 de março a determinação de uma zona de exclusão aérea na Líbia. A iminência de uma interferência internacional, muitas vezes requisitada pela resistência rebelde, fez com que Kadafi anunciasse um cessar-fogo, mas confrontos persistem. Mais de mil pessoas morreram e dezenas de milhares já fugiram do país.