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Mundo

Tropas de Kadafi atacam Misrata e detêm avanço sobre Sirte

6 mar 2011 - 08h12
(atualizado às 08h46)
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As brigadas do líder líbio Muammar Kadafi lançaram uma ofensiva terrestre sobre Misrata, em poder dos rebeldes e situada entre Trípoli e Sirte, segundo informou à Al Jazeera um morador da cidade que relatou que estão ocorrendo violentos combates.

Enquanto os choques começavam no único enclave em poder dos rebeldes entre a capital e a cidade litorânea de Sirte, as forças aéreas de Kadafi empreenderam um ataque aéreo sobre o enclave petroleiro de Ras Lanuf, para onde estão recuando as tropas revolucionárias que pretendiam atacar Sirte neste domingo.

Com este duplo contra-ataque, Kadafi conseguiu deter os rebeldes que tinham chegado a Ben Jawad, a meio caminho entre Sirte e o porto de Ras Lanuf. A contra-ofensiva de Kadafi ocorre após uma manhã de comemorações pró-governo na capital Trípoli, depois que a televisão estata líbia anunciou supostas vitórias sobre os rebeldes.

Misrata, a 200 km de Trípoli, havia sido dominada pelos revolucionários e até o momento as forças do regime não tinham empreendido um ataque tão violento como o empregado neste domingo para recuperar a cidade.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

EFE   
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