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Governo líbio anuncia fim de todas as operações militares

18 mar 2011 - 09h56
(atualizado em 22/3/2011 às 15h53)
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A Líbia decidiu nesta sexta-feira encerrar todas as operações militares após a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU, que autorizando ataques aéreos contra o regime do coronel Muammar Kadafi, anunciou o ministro líbio das Relações Exteriores, Musa Kusa.

Apoiadores de Kadafi realizam manifestação em um hotel de Trípoli onde foi realizada uma conferência de imprensa
Apoiadores de Kadafi realizam manifestação em um hotel de Trípoli onde foi realizada uma conferência de imprensa
Foto: AP

"A Líbia decidiu aplicar de imediato um cessar-fogo e dar por encerrada todas as operações militares", declarou Kusa em uma entrevista coletiva. Ele afirmou que o país, por ser membro das Nações Unidas, está "obrigado a aceitar a resolução do Conselho de Segurança da ONU".

Na quinta-feira, o Conselho de Segurança votou a favor do uso da força contra as tropas pró-Kadafi, abrindo assim o caminho para bombardeios aéreos depois de quase um mês de insurreição reprimida de forma violenta pelo regime. A resolução exigia um cessar-fogo imediato e o fim dos combates.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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