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Vice de Haddad critica forma de protesto e ação da PM em SP

12 jun 2013 - 08h53
(atualizado às 12h15)
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<p>Protesto na noite de terça-feira teve confronto entre policiais e manifestantes </p>
Protesto na noite de terça-feira teve confronto entre policiais e manifestantes
Foto: Bruno Santos / Terra

Os distúrbios ocorridos em diversos pontos da capital paulista na noite de terça-feira, durante protesto contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo, foram alvo de críticas da prefeita em exercício da cidade, Nádia Campeão (PCdoB). Ela também questionou a ação da Polícia Militar durante o protesto. O prefeito Fernando Haddad (PT) retorna nesta quarta-feira de Paris, onde esteve para defender a candidatura de São Paulo para a realização da Expo-2020 ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que também volta ao comando do Estado.

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"Tivemos (ontem) uma manifestação dura pela redução da tarifa de ônibus. A gente aceita manifestações, compreendemos isso, mas é difícil. Ninguém conversa e arruma solução quebrando ônibus, estação de metrô, sujando a cidade, interrompendo avenida. Por esse caminho a gente não vai chegar a um bom resultado", disse.

Em seguida, a prefeita em exercício criticou a ação da Polícia Militar. "O bom seria que ontem a Polícia Militar pudesse dar segurança como um todo, nos bairros, do que ficar correndo atrás de manifestante até 11h da noite na cidade de São Paulo. Não tem necessidade disso. Temos de ter equilíbrio, diálogo. Manifestação democrática sim, mas não vamos permitir que a cidade entre em um tumulto, numa coisa desorganizada, que não ajuda a resolver o problema do transporte, nem problema nenhum", afirmou.

Segundo Nádia, as manifestações querem criar um fato na cidade. "Eles não iniciaram nenhum tipo de diálogo, começaram com as manifestações. O objetivo parece querer criar um fato na cidade, complicar a vida da cidade. Fazer paralisações para dar destaque a uma reivindicação, uma bandeira. Esse não é o melhor caminho, pelo contrário", disse.

De acordo com ela, neste momento, não há possibilidade de recuo no reajuste das tarifas. "Foi um reajuste bem pensado por toda a área técnica da prefeitura de São Paulo, do governo do Estado, que também teve de aumentar a tarifa do Metrô. Para não aumentar a passagem precisaríamos mais R$ 300 milhões e nós não temos esse dinheiro. A cidade tem outras necessidades de investimento, inclusive no próprio transporte", afirmou.

A prefeita disse a bandeira do movimento, de tarifa zero, é inviável para qualquer cidade brasileira. "Nenhuma cidade do Brasil tem condições de subsidiar todo o transporte público. No caso de São Paulo, demos o menor reajuste que poderíamos dar. Depois de mais de um ano sem reajuste." 

Protesto dura cerca de seis horas

Após quase seis horas do início do protesto contra o aumento das tarifas de ônibus, trem e metrô na capital paulista, foram registrados pelo menos 20 prisões de manifestantes e três casos de policiais militares feridos por pedras. A informação é do tenente-coronel Marcelo Pignatari, que comandou o policiamento que acompanhou os manifestantes, e disse ainda que os detidos foram encaminhados ao 78º Distrito Policial (Jardins).

A manifestação começou de maneira pacífica, mas os primeiros tumultos começaram logo no início da passeata, na rua da Consolação, onde um jovem ciclista foi detido ao trafegar na única faixa liberada na via. A partir daí, o clima continuou tenso, com novos episódios de confronto entre manifestantes e policiais militares. 

A situação se agravou, porém, em frente ao terminal de ônibus Parque Dom Pedro. Após cerca de 20 minutos concentrados em frente ao local, um grupo de jovens tentou levar a passeata ao local, entregando flores aos policiais, mas foi impedida pela PM, que disparou bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha. 

A PM não soube informar quantos manifestantes ficaram feridos, mas a reportagem presenciou vários jovens sendo atingidos por cassetetes e balas de borracha disparados pelos policiais. Pelo menos dois manifestantes ficaram feridos após serem atropelados por um motorista, que dirigia um Fiat Uno, que se irritou com a manifestação e atirou o carro contra os jovens - um homem e uma mulher, que não se feriram com gravidade.

Segundo os organizadores, o objetivo da manifestação era "parar o País para serem escutados em Paris", em referência à cidade para onde o prefeito, Fernando Haddad (PT), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), foram para defender a candidatura da cidade para ser sede da Expo2020. No início do protesto, muitos passageiros de ônibus demonstraram apoio à passeata, aplaudindo a manifestação. Entretanto, a pichação dos veículos - muitos ônibus - e de prédios públicos foi reprovada por muitas pessoas que assistiam ao protesto.

Confrontos

O protesto foi marcado por confrontos entre os manifestantes e policiais militares. Um grupo usou lixeiras e pedras para destruir vidraças de agências bancárias. Na rua Silveira Martins, o diretório do PT também foi apedrejado.

A Tropa de Choque da PM usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, após o confronto no terminal de ônibus do parque Dom Pedro. Com isso, grande parte dos participantes do ato subiu para a avenida Paulista.

A manifestação teve início, no fim da tarde, com uma concentração no fim da Paulista. Depois saiu em passeata pela rua da Consolação. Em seguida, os participantes bloquearam completamente a Radial Leste, pegaram a avenida Liberdade, passando pela praça da Sé. Na avenida Rangel Pestana, um pequeno grupo apedrejou e queimou um ônibus elétrico que estava estacionado. No parque Dom Pedro, eles foram impedidos pela polícia de entrar no terminal de ônibus.

Nova manifestação na quinta-feira

Um novo protesto está marcado para a quinta-feira, no Anhangabaú. A concentração será às 17h, em frente ao Theatro Municipal. A manifestação será novamente organizada pelo Movimento Passe Livre, que reivindica isenção de tarifa para os estudantes secundaristas e universitários, e melhores condições para o transporte público em São Paulo.

Aumento da tarifa

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Desde o dia 6, a cidade vem enfrentando protestos.

Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota. 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. O decreto foi publicado, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

Fonte: Terra
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