Pernambuco: a disputa entre o homem e o tubarão

Dados do Comitê Estadual de Monitoramento aos Incidentes com Tubarões (Cemit) de Pernambuco revelam que pelo menos 59 banhistas ou surfistas foram atacados pelos animais no Estado desde 1992, um dos índices mais altos do mundo. Destes, 24 (40,6%) morreram. As próprias vítimas, conforme o Cemit, contribuem para o problema, pois a elevação do número de pessoas na região foi determinante para o aumento de ataques. Outros fatores apontados pelo Cemit são a pesca de arrasto de camarão, com descarte de peixes, próximo às praias da área afetada; a topografia submarina da região, caracterizada por um canal profundo adjacente à praia; mudanças climáticas em anos recentes (particularmente em 1994 e em 2004); e a construção do Porto de Suape, ao sul do Recife, resultando em um grave impacto ambiental pelo despejo de lixo e acentuado aumento no tráfego marítimo.

"Todos os tubarões capturados por nós nos últimos meses se comportaram da forma que esperávamos, ou seja, seguiram as correntes no sentido sul-norte. Esses dados confirmam a hipótese de que o tráfego marítimo no Porto de Suape atrai tubarões-tigre para perto da praia, com eles seguindo, então, para o norte, em uma rota que vai dar direto nas praias de Boa Viagem e Piedade. O que nós estamos fazendo é capturar os tubarões que estão perto da praia, transportar eles para o talude continental e soltá-los colocando duas marcas, uma monitorada por satélite e outra acústica. Caso um dos tubarões-tigre marcados retorne, detectaremos a presença dele. Até hoje nenhum voltou. Assim que foram liberados, continuaram migrando para o norte. Posso lhe assegurar que é o programa de redução de ataques mais eficiente e menos impactante ecologicamente em todo o mundo", disse o presidente do Cemit, Fábio Hazin.