SP: irmão de secretário de Kassab fez negócio de 'gaveta' com fiscal

A defesa de Marco Aurélio Garcia - irmão de Rodrigo Garcia, que foi secretário da gestão Gilberto Kassab (PSD) - nega que o empresário tenha feito um empréstimo de R$ 1 milhão junto ao auditor Ronilson Bezerra Rodrigues, suspeito de comandar a máfia do ISS em São Paulo. A informação foi dada por uma testemunha ouvida pelo Ministério Público em caráter sigiloso. Segundo o advogado de Marco Aurélio, Rogério Cury, o que ocorreu foi um contrato de "gaveta" para vender um imóvel ao auditor: a única transação entre os dois é a venda de um flat na rua Bela Cintra, há "mais de um ano" e em "contrato registrado em cartório", mas que continua oficialmente em nome de Marco Aurélio. "A transferência (da escritura) só seria feita quando houvesse a quitação", disse, que não soube dizer se já houve algum pagamento nem por quanto ele foi vendido. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo.

Cury disse ainda que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) considera legais os contratos de "gaveta". O uso desse tipo de documento, porém, é frequente nos casos em que um comprador não tem como justificar a origem dos recursos da compra ou quer omitir a propriedade de um imóvel. A Controladoria-Geral do Município e Ministério Público não encontraram nos levantamentos o registro desse flat citado pelo advogado entre uma série de imóveis registrados em contratos de "gaveta". A suposta transferência de R$ 1 milhão será investigada e também se há algum tipo de simulação de compra e venda entre as partes para disfarçar um eventual repasse de recursos do esquema do ISS. Após ter sido homem de confiança de Kassab, Rodrigo virou secretário da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), cargo que mantém hoje. Marco Aurélio informou que emprestava o escritório ao grupo sem cobrar nada. O advogado de Ronilson, Marcio Sayeg, diz que não conversou com seu cliente sobre o flat.