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Oposição síria pede que povo aproveite cessar-fogo e proteste

12 abr 2012 - 06h02
(atualizado às 06h33)
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Aproveitando a entrada em vigor do cessar-fogo, o Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal formação opositora, fez nesta quinta-feira uma chamada para que os cidadãos saiam às ruas e se manifestem pacificamente.

O dirigente do CNS Mulhem al-Derubi disse que sua organização sairá ao lado do povo sírio para protestar, "porque é um direito" que todos têm. Por enquanto, a situação está tranquila na Síria depois de o cessar-fogo ter entrado em vigor às 6h locais (0h de Brasília), respeitando o plano do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan.

Derubi confirmou que "até agora há um cessar-fogo em todo o país e há uma calma aparente, mas as forças do regime, seus carros de combate e os franco-atiradores seguem posicionados".

O líder opositor acrescentou que o CNS espera que o presidente "Bashar al-Assad aplique todos os pontos do plano de Annan, que inclui a libertação de detidos e depois passa por uma solução política". "O cessar-fogo é algo bom, mas não é um fim em si mesmo. O objetivo é estabelecer um regime democrático na Síria", explicou Derubi.

O regime sírio anunciou ontem que suas operações militares seriam finalizadas hoje, mas alertou que suas tropas se manteriam em alerta para defender-se de eventuais ataques de grupos armados.

De fato, duas testemunhas, uma desde Al Guta, na periferia de Damasco, e outra desde Idleb, no norte do país, confirmaram à Efe que as forças do regime mantêm suas posições, embora não tenha havido ataques.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido, número similar ao calculado pela ONU.

Apoiadores do presidente sírio Bashar al-Assad carregam retratos do líder em uma manifestação para celebrar o aniversário de fundação do seu partido neste sábado. Enquanto isso, oposicionistas contam que pelo menos 89 civis morreram somente hoje nos conflitos entre o exército e rebeldes
Apoiadores do presidente sírio Bashar al-Assad carregam retratos do líder em uma manifestação para celebrar o aniversário de fundação do seu partido neste sábado. Enquanto isso, oposicionistas contam que pelo menos 89 civis morreram somente hoje nos conflitos entre o exército e rebeldes
Foto: AFP
EFE   
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