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Oriente Médio

Tropas sírias mantêm repressão em Deraa e Homs

5 mar 2012 - 14h04
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Forças sírias ocupam nesta segunda-feira a cidade de Deraa após confrontos durante a noite e mantêm a operação de "limpeza" em Homs, onde a Cruz Vermelha ainda tenta entrar num ex-reduto rebelde para prestar ajuda humanitária.

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A China anunciou o envio de um diplomata à Síria com a intenção de mediar uma solução para o conflito, que contrapõe Pequim a governos árabes e ocidentais que exigem medidas firmes contra o presidente Bashar al-Assad.

Um morador de Deraa, no sul da Síria, disse que há meses não havia uma mobilização tão grande de soldados e policiais na cidade, berço da rebelião contra Assad, iniciada há quase um ano.

Antes, houve ataques contra postos de controle das forças governistas - também os mais intensos dos últimos meses -, causando pelo menos uma morte, segundo esse morador.

Carentes de armas, os rebeldes sírios intensificaram nos últimos dias os ataques de surpresa contra as forças do governo em toda a Síria, num sinal de que pretendem resistir à ofensiva que expulsou os insurgentes do bairro de Baba Amro, em Homs.

Após um mês de cerco e bombardeios que arruinaram o bairro, as forças do governo invadiram-no na quinta-feira, esmagando os últimos focos de resistência.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e o Crescente Vermelho Árabe da Síria continuam buscando autorização das autoridades sírias para fornecer ajuda aos civis de Baba Amro.

No domingo, as duas agências conseguiram prestar assistência a moradores de Baba Amro que fugiram para a aldeia vizinha de Abel, segundo um porta-voz do CICV.

Ativistas da oposição acusam as forças sírias de estarem realizando sangrentas represálias dentro do bairro, mas é difícil verificar esses relatos devido às restrições impostas pelo governo ao trabalho da imprensa.

Citando "fontes locais", a entidade Human Rights Watch disse que cerca de 700 civis foram mortos e milhares ficaram feridos em Homs desde o início da ação militar na cidade, em 3 de fevereiro.

A agência estatal de notícias da Síria disse que as autoridades começaram a retirar "a destruição e os destroços deixados pelos grupos terroristas armados nos bairros de Inshaat e Baba Amro, em Homs."

O despacho afirmou que 16 membros das forças de segurança foram mortos por insurgentes e enterrados no mesmo dia.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, disse que as forças de segurança mataram 29 pessoas em toda a Síria no domingo. Os Comitês Locais de Coordenação, que reúnem organizações comunitárias, relataram 62 mortes durante o dia, sendo 18 em Homs.

O Acnur (órgão da ONU para refugiados) disse que até 2.000 sírios fugiram em direção ao Líbano, mas não está claro quantos conseguiram cruzar a fronteira.

"Tínhamos números semelhantes em abril de 2011, mas o fluxo de recém-chegados se estabilizou desde então", disse Dana Sleiman, porta-voz do Acnur em Beirute.

O Líbano abriga mais de 7.000 refugiados sírios registrados, e a Turquia diz ter recebido cerca de 12 mil pessoas fugitivos, das quais mais de metade vive sem cadastro em acampamentos.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido, número similar ao calculado pela ONU.

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