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Oriente Médio

Síria: Bashar al-Assad e Annan fazem 2ª rodada de negociações

11 mar 2012 - 09h27
(atualizado às 10h10)
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O presidente sírio, Bashar al-Assad, se reuniu novamente neste domingo com o emissário da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, que tenta negociar uma interrupção da violência na Síria, onde a repressão aos opositores deixou cerca de 90 mortos no sábado.

O menino Hassan Saad, 13 anos, que abandonou Idlib, na Síria, faz o sinal da vitória enquanto caminha no campo de refugiados em Yayladagi, na fronteira entre a Turquia e a Síria. Hassan diz o que o seu pais foi morto por forças pró-Assad há cinco meses
O menino Hassan Saad, 13 anos, que abandonou Idlib, na Síria, faz o sinal da vitória enquanto caminha no campo de refugiados em Yayladagi, na fronteira entre a Turquia e a Síria. Hassan diz o que o seu pais foi morto por forças pró-Assad há cinco meses
Foto: Reuters

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O Exército sírio invadiu na noite de sábado a cidade rebelde de Idleb após um violento bombardeio, apesar da presença de Annan em Damasco. O enviado da ONU manifestou sua "profunda preocupação" com a repressão à revolta popular.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha, na manhã deste domingo, as forças leais a Assad lançaram uma ofensiva contra outra região da província de Idleb. Três soldados morreram nesses combates com desertores e as forças de segurança mataram um civil, segundo o OSDH.

Militantes opositores anunciaram na noite de sábado a tomada de Idleb (noroeste), sitiada há dias pelo Exército, depois de o presidente Assad ter descartado diante de Annan qualquer solução política para a crise, enquanto houver a atuação de "grupos terroristas", referindo-se aos opositores.

Segundo um comunicado da ONU fechado em Nova York, Annan classificou as negociações realizadas nesse primeiro encontro com o presidente sírio de "francas e exaustivas".

O enviado se reuniu também com opositores em Damasco que exigiram "sinais de boa vontade" do regime, em particular o compromisso de pôr fim à violência, antes de iniciar um diálogo e uma transição política.

"Não se pode falar de processo político antes que haja um cessar-fogo (...), que os presos políticos sejam libertados e que as tropas sejam retiradas de cidades e povoados", disse à AFP Abdel Aziz al Jeir, um dos líderes opositores.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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