PUBLICIDADE

Oriente Médio

Porta-voz nega viagem de Annan ao Irã anunciada por ministro

28 mar 2012 - 08h09
(atualizado às 12h43)
Compartilhar

O porta-voz do emissário das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, negou nesta quarta-feira que ele viajará a Teerã na próxima semana, desmentindo as declarações do ministro das Relações Exteriores iraniano. "Estará em Genebra mais tarde, durante o dia (quarta-feira) e não irá a nenhum outro lugar nos próximos dias. Não irá ao Irã na próxima segunda, nem na próxima semana", declarou Ahmad Fawzi.

Luta por liberdade revoluciona norte africano e península arábica

Annan deve pronunciar um discurso na segunda-feira ante o Conselho de Segurança da ONU por videoconferência em Genebra, acrescentou Fawzi. Será a segunda vez que o enviado da ONU utilizará esse recurso. Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, afirmou que Annan viajaria provavelmente na próxima segunda-feira a Teerã para abordar com as autoridades iranianas a situação no país árabe.

"Kofi Annan viajará provavelmente na segunda-feira a Teerã", afirmou Salehi à imprensa, à margem de uma reunião com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que faz uma visita de dois dias ao Irã. O chanceler também afirmou que "há algumas diferenças entre Irã e Turquia a respeito da questão da Síria". "Mas estamos nos aproximando para preencher a lacuna de diferenças com a missão de Kofi Annan e, com o apoio da Turquia, das Nações Árabes e da ONU, esperamos que haverá uma saída para a questão da Síria", disse, falando a jornalistas em inglês.

O Irã é o principal aliado da Síria no Oriente Médio, e fornece ao regime do presidente sírio Bashar al-Assad apoio político e material enquanto o país enfrenta uma revolta. Assad aceitou um plano de seis pontos proposto por Annan que propõe um cessar-fogo humanitário diário de duas horas e acesso a todas as regiões afetadas pela revolta na Síria.

Annan conversou nos últimos dias com os líderes de dois importantes aliados da Síria, China e Rússia.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. De acordo com cálculos de grupos opositores e das Nações Unidas, pelo menos 9 mil pessoas já morreram desde o início da crise Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade