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Oriente Médio

Ministros árabes apoiam plano de Kofi Annan para Síria

28 mar 2012 - 19h09
(atualizado às 19h46)
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Os chefes da diplomacia árabe confirmaram nesta quarta-feira em Bagdá seu respaldo total ao plano do enviado especial para a Síria, Kofi Annan, aceito pelo regime de Damasco, para buscar uma saída ao conflito sírio. Esse apoio se reflete no projeto de resolução sobre o qual os ministros trabalharam para ser aprovado na quinta-feira pelos chefes de Estado e de governo que participarão da cúpula árabe de Bagdá. Um total de 17 ministros de Relações Exteriores participou da reunião, enquanto outros enviaram representantes de menor categoria.

Socorristas trabalham em prédio do correio destruído após explosão terrorista no bairro de Suleimaniyeh, em Aleppo. Um atentado com carro-bomba sacudiu a segunda maior cidade da Síria, deixando mortos e feridos. No sábado, dois ataques com carro-bomba, também atribuídos a terroristas pelas autoridades sírias, mataram 27 pessoas e feriram 140 em Damasco
Socorristas trabalham em prédio do correio destruído após explosão terrorista no bairro de Suleimaniyeh, em Aleppo. Um atentado com carro-bomba sacudiu a segunda maior cidade da Síria, deixando mortos e feridos. No sábado, dois ataques com carro-bomba, também atribuídos a terroristas pelas autoridades sírias, mataram 27 pessoas e feriram 140 em Damasco
Foto: AFP

Em uma grande entrevista coletiva após o encontro desta quarta-feira, o ministro iraquiano de Relações Exteriores, Hoshiyar Zebari, explicou que "a novidade agora é o acoplamento das posições árabe e internacional, que talvez conduza à unidade das duas posturas". Segundo o responsável iraquiano, essa coordenação árabe com a comunidade internacional pressionará mais o governo e a oposição sírios para que cumpram com a iniciativa de Annan. Nesse sentido, Zebari destacou que assim como o Executivo de Damasco aceitou esse plano, a oposição "não tem um discurso unificado, por isso deve buscá-lo".

A proposta de Annan estipula um fim das hostilidades na Síria sob a supervisão da ONU, a libertação dos presos nos protestos antigovernamentais e o envio de ajuda humanitária. Apesar de Zebari ter advertido que "o destino da crise síria é a internacionalização se Damasco não cumprir com o plano", ao longo da entrevista coletiva ele reiterou em várias ocasiões que o conflito já está internacionalizado desde o momento em que a ONU e o Conselho de Segurança decidiram intervir. Além disso, Zebari disse que as resoluções que os líderes árabes aprovarão na quinta-feira não contêm uma nova iniciativa, mas são baseadas nas iniciativas já apresentadas anteriormente.

Nesse sentido, o subsecretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Ben Heli, ressaltou na mesma entrevista coletiva que todos os esforços diplomáticos partem do plano de seu organismo, que está em consonância com a proposta de Annan. "De fato, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el Araby, está em contato permanente com Annan, eles se falam pelo menos três vezes todos os dias", disse Ben Heli.

Os projetos de resolução pedem ao regime do presidente sírio, Bashar al Assad, o fim "imediato" de todo tipo de violência, a proteção dos civis e garantias para que os cidadãos possam se manifestar livremente. Também solicitam às autoridades sírias a libertação imediata dos prisioneiros políticos e a retirada do Exército, além da entrada de ajuda humanitária.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. De acordo com cálculos de grupos opositores e das Nações Unidas, pelo menos 9 mil pessoas já morreram desde o início da crise Síria.

EFE   
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