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Oriente Médio

Irã condiciona apoio ao plano de paz na Síria à continuidade de Assad

11 abr 2012 - 06h18
(atualizado às 06h43)
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Teerã condicionou nesta quarta-feira seu apoio ao plano de paz para a Síria à continuidade do presidente Bashar al-Assad à frente do regime de Damasco, segundo disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Ali Akbar Salehi, ao mediador da ONU e da Liga Árabe para esse país, Kofi Annan.

Annan se reuniu hoje em Teerã com Salehi e, em entrevista coletiva conjunta posterior ao encontro, o ex-secretário-geral da ONU disse que espera uma melhora da situação na Síria nas próximas horas e que o Irã, principal aliado do regime de Damasco na área, seja "parte da solução do conflito".

Salehi, por sua vez, manifestou o apoio iraniano ao plano de paz de Ananan e a sua mediação, que espera que seja "justa e imparcial", enquanto pediu "tempo" para que Assad, o principal aliado árabe de Teerã, aplique as reformas que prometeu.

O governo de Damasco e a oposição armada, segundo Annan, prometeram respeitar o cessar-fogo previsto para amanhã. "Se todos respeitarem o cessar-fogo a partir das 6h de quinta-feira, a situação melhorará muito", avaliou.

Segundo Annan, o Irã está de acordo em "buscar uma saída pacífica" para a situação de violência na Síria, pois, ressaltou, "uma maior militarização do conflito seria desastrosa". "A situação geopolítica da Síria está de uma forma que qualquer erro pode ter consequências inimagináveis na região e no mundo", acrescentou Annan.

Salehi, por sua vez, enquanto pedia "tempo" para as reformas de Assad, disse que o governo da Síria "tenta cumprir os seis pontos (do plano de paz de Annan para acabar com a violência no país), mas para que eles sejam aplicados de forma completa, todos (incluindo a oposição armada) devem colaborar".

Segundo o responsável da diplomacia iraniana, Teerã considera que os sírios devem ter direitos como a "liberdade de partidos políticos, a liberdade de escolha e uma Constituição que abranja os desejos do país".

Após o encontro com Salehi, Annan se reuniu com o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional, Saeed Jalili, e durante a tarde viajará para Bandar Abas, no litoral do Golfo Pérsico iraniano, para se reunir com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido, número similar ao calculado pela ONU.

Kofi Annan e Ali Akbar Salehi falam com a imprensa após encontro em Teerã
Kofi Annan e Ali Akbar Salehi falam com a imprensa após encontro em Teerã
Foto: EFE
EFE   
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