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Oriente Médio

Enviado chinês segue para Síria após votação contra Assad

17 fev 2012 - 14h39
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Uma autoridade chinesa seguiu para Damasco nesta sexta-feira, em uma demonstração de apoio de um dos poucos amigos estrangeiros que o presidente sírio, Bashar al-Assad, ainda tem, depois que a Assembleia Geral da ONU votou a favor de um plano da Liga Árabe que pede sua renúncia.

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Assad não mostrou sinais de que aceita os pedidos para que pare a repressão aos 11 meses de levantes contra seu governo. Na sexta-feira, suas forças retomaram violentamente redutos da oposição na cidade de Homs, que agora está sob fogo há duas semanas.

Na Assembleia Geral da ONU em Nova York, na quinta-feira, 137 Estados votaram a favor, 12 contra e 17 se abstiveram em uma resolução que endossava o plano da Liga Árabe. Rússia e China votaram contra, depois de terem vetado um texto similar no Conselho de Segurança da ONU em 4 de fevereiro.

A votação da assembleia, ao contrário das resoluções do Conselho, não tem força legal, mas aumentou o isolamento de Assad e refletiu a revolta mundial à ferocidade da repressão, na qual forças do governo mataram vários milhares de civis.

"Hoje a Assembleia Geral da ONU enviou uma mensagem clara ao povo da Síria - o mundo está com vocês", disse Susan Rice, a embaixadora dos EUA, em um comunicado.

O analista político baseado em Beirute, Ramil Khouri, disse à Reuters que a votação era importante embora fosse simbólica. "Há um grande apoio global para a oposição. Isso mantém a pressão e a oposição pode dizer que tem legitimidade global. Eu acho que os dias dele estão contados. Mas ainda não sabemos por quanto tempo ele pode se manter", disse.

Assad, que sucedeu ao pai Hafez, falecido em 2000 depois de ter governado por 30 anos, ainda tem apoio crucial no cenário internacional da Rússia e China.

Os dois países dizem se opor à ideia de intervenção estrangeira em Estados soberanos e a Rússia tem interesses estratégicos na Síria, incluindo uma base naval.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

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