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Oriente Médio

Centenas protestam no Líbano contra sistema confessional

27 fev 2011 - 11h54
(atualizado às 13h12)
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Centenas de pessoas protestaram neste domingo em Beirute contra o sistema confessional do Líbano, respondendo a uma convocação de grupos de jovens no Facebook.

Libaneses marcham durante um protesto contra o governo
Libaneses marcham durante um protesto contra o governo
Foto: AP

O sistema libanês é uma mistura complexa de divisão de poder baseada em quotas comunitárias e em uma tradição de "democracia consensual". Desde a independência de 1943, garante uma paridade entre muçulmanos e cristãos minoritários na região.

"A revolução está em toda parte. Líbano, é com você", gritavam os manifestantes, na maioria jovens, referindo-se aos movimentos de revolta que agitam o mundo árabe.

Retomando o lema das revoltas que atingiram Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen, "o povo quer a queda do regime", percorreram sob forte chuva as ruas de Beirute até o palácio de Justiça, sob os olhos atentos da polícia e do exército.

Mais de 2,6 mil pessoas tinham anunciado sua participação nesse protesto, mas a chuva fez com que muitos ativistas desistissem do ato.

"Venham libaneses, levantem-se contra a confessionalidade. Queremos um Estado civil", gritavam os manifestantes. "A confessionalidade é ruim para a saúde", "tiranos do Líbano, chegará a sua vez", diziam cartazes.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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