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Oriente Médio

Assad se dispõe a entregar armas químicas e aumenta pressão sobre EUA

Em entrevista a uma emissora russa, o contestado líder sírio negou que sua disposição de cooperação seja fruto das ameaças americanas

12 set 2013 - 09h55
(atualizado em 4/12/2013 às 15h51)
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<p>O presidente da Sìria, Bashar al-Assad (foto de arquivo)</p>
O presidente da Sìria, Bashar al-Assad (foto de arquivo)
Foto: AP

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, anunciou nesta quinta-feira que colocará as armas químicas de seu país sob controle internacional, mas que não faz isso influenciado pelas "ameaças dos Estados Unidos", e sim pela Rússia. Assad deu essas e outras declarações em entrevista a uma TV russa um dia após a publicação de uma carta do presidente russo, Vladimir Putin, no jornal americano New York Times, e em meio a um encontro russo-americano em Genebra para tentar encontrar uma solução ao impasse.

"A Síria está colocando suas armas químicas sob o controle internacional por causa da Rússia. As ameaças dos EUA não influenciaram a decisão", disse Assad na entrevista ao canal estatal russo Rossiya-24. O contestado líder sírio também acusou o Ocidente de fornecer armas químicas aos rebeldes sírios, acrescentando que "os terroristas tentam provocar um ataque americano contra a Síria".

À TV russa, Assad confirma que entregará armas químicas:

As ameaças de intervenção dos últimos dias são "baseadas em uma provocação com o uso de armas químicas no subúrbio de Damasco e a provocação foi orquestrada pelo governo dos Estados Unidos", disse Assad. Ele afirmou também que "qualquer guerra contra a Síria se transformará em uma guerra que destruirá toda a região".

"Quando virmos que os Estados Unidos realmente querem estabilidade na nossa região e pararem de ameaçar, empenhando-se para atacar, e também suspender entrega de armas a terroristas, então nós vamos acreditar que os processos necessários podem ser finalizados", disse Assad. Ele detalhou que as informações sobre as armas começariam a ser repassadas um mês após a adesão à Convenção para a Prioibição de Armas Químicas. "É um processo bilateral", declarou o presidente sírio.

Guerra civil em fotos
AFP

O Terra compilou alguns dos principais materiais fotográficos disponibilizados ao longo destes mais de dois anos de guerra na Síria. Cada imagem leva a uma galeria que conta um episódio específico ou remete a uma situação importante do conflito.

Reação russo-síria

A disposição do líder sírio indica a possibilidade de uma solução diplomática para evitar uma intervenção dos Estados Unidos no país - uma ação que se mostrou iminente depois de um massacre de civis com armas químicas no dia 21 de agosto, nos arredores de Damasco. Ainda não está claro, no entanto, quando e como esse armamento seria entregue.

Mais cedo, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, havia detalhado as quatro fases ao longo das quais a crise química poderia ser solucionada. Primeiramente, a Síria se uniria à Convenção sobre Armas Químicas, que proíbe a produção e o uso de tais armamentos. Em seguida, a Síria revelaria onde suas armas químicas estão estocadas e divulgaria detalhes de seu programa. Depois disso, permitiria a entrada de enviados para averiguar o material. Finalmente, estes tomariam as providências necessárias para proceder com a destruição do armamento químico sírio.

Estes passos da diplomacia de Moscou e Damasco representam o contra-ataque à iminência da intervenção americana. Ainda ontem à noite, o líder russo, Vladimir Putin, afirmou que uma ação americana arrisca expandir o conflito sírio para além do país do Oriente Médio e resultar em ataques terroristas. Em artigo publicado no jornal New York Times, Putin disse haver "poucos defensores da democracia" na guerra civil de dois anos e meio na Síria, "mas há mais do que o suficiente combatentes da Al-Qaeda e extremistas de todo tipo lutando contra o governo".

Encontro Kerry-Lavrov

Estas declarações de Assad foram feitas num momento em que Estados Unidos e Rússia se preparam para conversar, em Genebra, sobre a proposta para a Síria abrir suas portas aos inspetores e eliminar suas armas químicas.

O presidente Barack Obama expressou suas esperanças com a reunião. "Estou esperançoso de que as discussões que o secretário (de Estado John) Kerry terá com o chanceler (russo Serguei) Lavrov apresentarão resultados concretos", disse. "Kerry está no exterior para reuniões sobre um tema ao qual dedicamos muito tempo nas últimas semanas: a situação na Síria e a maneira com que podemos nos assegurar de que as armas químicas não sejam usadas contra inocentes".

Com informações das agências internacionais.

Guerra na Síria para iniciantes
AFP AFP
AFP AFP
Ativistas e oposição denunciam ataque com armas químicas na Síria

Fonte: Terra
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