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Desaparecidos mostram lado silencioso da violência no México

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Outras famílias buscam o paradeiro de parentes desaparecidos nas centenas de fossas clandestinas encontradas no México, principalmente no norte do país, próximo à fronteira com os Estados Unidos. A maioria é de migrantes que desapareceram em busca do sonho americano, muitos centro-americanos.

Jesus Israel, filho de Carlos Moreno, sumido desde 2011; "O mais importante é investigar. Eles já têm os dados", opina Moreno, ao criticar a criação do banco de dados de desaparecidos
Jesus Israel, filho de Carlos Moreno, sumido desde 2011; "O mais importante é investigar. Eles já têm os dados", opina Moreno, ao criticar a criação do banco de dados de desaparecidos
Foto: Arquivo pessoal / Reprodução

Segundo a Fundação para a Justiça e o Estado Democrático de Direito, mais de 1,2 mil corpos foram recuperados entre 2006 e 2011 em 310 fossas clandestinas no México. Mas a lentidão das autoridades tem feito que a identificação demore meses. No início do mês, completou-se um ano desde que foram encontrados 193 corpos enterrados em fossas clandestinas em San Fernando, no Estado de Tamaulipas, após enfrentamentos entre integrantes do Exército e supostos membros da organização Los Zetas. Até hoje apenas 34 corpos foram identificados.

San Fernando foi o mesmo município que, em agosto de 2010, virou notícia ao serem descobertos em um rancho os cadáveres de 72 migrantes - entre eles, quatro brasileiros. A última informação disponível era de que ainda faltava identificar 14 mortos.

Organizações como o Foro Nacional para as Migrações em Honduras, que já realizou diversas caravanas ao México em busca de justiça, pedem que as autoridades investiguem e punam os responsáveis. Outra pedido recorrente é a eliminação da exigência do visto para a entrada de centro-americanos no México. A medida pode impedir que mais pessoas recorram a caminhos perigosos em que se tornam presas fáceis de grupos criminosos.

Banco de dados de desaparecidos
Em fevereiro, o governo mexicano anunciou que criaria uma base de dados sobre pessoas desaparecidas no México. A base já era uma recomendação da ONU e de organizações como Forças Unidas por Nossos Desaparecidos de Coahuila, no norte do país, que desde 2007 pede ajuda às autoridades para a criação de um sistema que facilite as investigações. Em Sinaloa, também no norte, a associação Vozes Unidas pela Vida contabiliza quase 300 desaparecidos desde o início do mandato de Felipe Calderón, em dezembro de 2006.

É fato que os casos de desaparecimentos acontecem desde sempre no país, mas muitas organizações surgiram durante o atual governo, exigindo investigações e mudanças na legislação de muitos Estados que não reconheciam o desaparecimento forçado como delito.

Hoje, o governo mexicano colocou em vigor a Lei do Registro Nacional de Dados de Pessoas Extraviadas e Desaparecidas, anunciada no início do ano. A medida obriga as autoridades administrativas e judiciais a comunicar imediatamente a este registro qualquer denúncia ou informação relacionada com pessoas desaparecidas, com a possibilidade de penalização para o funcionário que não cumprir com essa determinação. A ideia é organizar e concentrar a informação sobre desaparecidos em uma base de dados eletrônica.

"São novos elefantes brancos. É preciso mais que novas instituições. Falta comprometimento, que não existe por ineficiência ou por medo. O mais importante é investigar. Eles já têm os dados", opinou Moreno, antes de se despedir para ir à Subprocuradoria de Investigação Especializada em Delinquência Organizada (Siedo), do governo federal, em busca de novidades sobre o caso de Jesus Israel.

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Fonte: Especial para Terra
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