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Desaparecidos mostram lado silencioso da violência no México

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Sem base de dados e sem pistas, faltam certezas. E nem todas as desaparições podem ser associadas, à primeira vista, ao crime organizado.

Graciela Villagómez com a foto do filho, Eder, desaparecido em dezembro de 2010
Graciela Villagómez com a foto do filho, Eder, desaparecido em dezembro de 2010
Foto: Elisa Martins / Especial para Terra

Graciela Villagómez não vê o filho desde dezembro de 2010. Eder Adair Islas Villagómez, então com 23 anos, foi internado em uma clínica para dependentes de drogas chamada "Salva tu vida", em Tultitlán, no Estado do México. Graciela conta que o dono da clínica, Fernando Sandoval, diz ter enviado em uma caminhonete Eder e outros dois internos, Hector Vega Lemus e Elvis Axell Torres Rosete, para buscar outro paciente em Matamoros, no norte do México.

Os três desapareceram. Segundo Graciela, Fernando insiste em que eles fugiram. Mas ela, que nunca autorizou nem soube da viagem até o desaparecimento, não acredita nessa possibilidade, já que afirma que faltavam apenas 20 dias para que o filho deixasse a clínica.

"Ninguém está buscando meu filho. As autoridades dizem que estão investigando. Pediram colaboração a outros Estados, tomaram mostras genéticas da minha família. Os corpos encontrados nas fossas clandestinas não coincidiram. Mas não há alguém que diga que os está buscando de acordo com a linha em que sugerimos", contou Graciela ao Terra.

Graciela simulou o trajeto que, segundo o dono da clínica, foi seguido pelos rapazes. Ela afirma que com a caminhonete modelo 1999 e com a gasolina e o dinheiro que traziam não poderiam ter chegado até Matamoros. Graciela também comprou um mapa do México e marcou o caminho seguido por eles, para mostrar às autoridades a necessidade de fazer uma investigação de campo, um pedido desesperado da mãe que as autoridades nunca cumpriram.

"Penso muitas coisas. Mas se tenho uma certeza, é que ele não desapareceu para se drogar. Sei que ele está bem. Não me posso permitir ter depressão, porque o sofrimento pode me matar, e assim não saberei nada do meu filho", afirmou.

À mãe de Hector, Concepción Lemus, os donos da clínica contaram a mesma história de fuga. A última vez que viu o filho foi em outubro de 2010, quando o internou. A notícia do desaparecimento chegou por telefone, em 31 de dezembro, minutos antes da meia-noite.

"As autoridades não fazem nada e nos deixam ver que protegem Fernando. Ele mesmo já nos comentou que tem dinheiro. Há muitas irregularidades na história. Se Fernando dizia que Hector não estava preparado para confrontar a família desde que entrou na clínica, estava preparado para ir à rua trabalhar? Eu não o mandei trabalhar, mandei-o à clínica para que se recuperasse. Penso muitas coisas, mas quero saber a verdade", contou Concepción ao Terra.

Ela, como Carlos Moreno e Graciela Villagómez, se integrou ao Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade em busca de novas esperanças. Ao final das entrevistas, deixaram telefones e e-mails. Manter contato é uma forma de que sua história não seja esquecida - e, no melhor dos casos, os pais esperam poder dar a boa notícia de que estão de novo com seus filhos.

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Fonte: Especial para Terra
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