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Oriente Médio

ONU faz último apelo antes de prazo de cessar-fogo na Síria

9 abr 2012 - 19h08
(atualizado às 19h40)
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A poucas horas de expirar o prazo dado à Síria para que retire suas tropas e armas pesadas das cidades, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez nesta segunda-feira um último apelo ao governo de Damasco para cessar os ataques contra civis. "O secretário-geral pede que o governo sírio ponha imediatamente fim às ações militares contra civis e que respeite os compromissos assumidos junto ao emissário especial (da ONU e da Liga Árabe) Kofi Annan", declarou o porta-voz da ONU Martin Nesiriky.

Socorristas trabalham em prédio do correio destruído após explosão terrorista no bairro de Suleimaniyeh, em Aleppo. Um atentado com carro-bomba sacudiu a segunda maior cidade da Síria, deixando mortos e feridos. No sábado, dois ataques com carro-bomba, também atribuídos a terroristas pelas autoridades sírias, mataram 27 pessoas e feriram 140 em Damasco
Socorristas trabalham em prédio do correio destruído após explosão terrorista no bairro de Suleimaniyeh, em Aleppo. Um atentado com carro-bomba sacudiu a segunda maior cidade da Síria, deixando mortos e feridos. No sábado, dois ataques com carro-bomba, também atribuídos a terroristas pelas autoridades sírias, mataram 27 pessoas e feriram 140 em Damasco
Foto: AFP

O plano de saída da crise apresentado pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan, que Damasco aceitou no dia 2 de abril, prevê que o Exército se retire na manhã desta terça-feira das cidades, para permitir o fim das hostilidades em 48 horas.

Mas o regime sírio passou a exigir, agora, que a oposição se comprometa por escrito a deter toda a forma de violência, antes de retirar suas tropas. Ban "lamentou enormemente" os disparos efetuados a partir da Síria contra campos de refugiados do país na Turquia e no Líbano ocorridos nesta segunda-feira.

O clima de tensão subia na fronteira entre Turquia e Síria onde, pela primeira vez, os disparos causaram feridos em solo turco, um incidente que provoca a ira de Ancara. Um cinegrafista libanês faleceu nesta segunda-feira na fronteira sírio-libanesa "vítima de tiros disparos pelo Exército sírio", segundo o canal privado Al-Jadeed para o qual trabalhava.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. De acordo com cálculos de grupos opositores e das Nações Unidas, pelo menos 9 mil pessoas já morreram desde o início da crise Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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