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Oriente Médio

Parlamento sírio pede que Assad adie eleições legislativas

26 mar 2012 - 14h50
(atualizado às 15h14)
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O Parlamento sírio pediu nesta segunda-feira ao presidente Bashar al-Assad o adiamento das eleições legislativas marcadas para o dia 7 de maio, em um país mergulhado em uma revolta popular sem precedentes, informou a agência de notícias oficial Sana.

"A Assembleia do Povo pediu ao presidente, durante sua sessão desta segunda-feira, que considere o adiamento das eleições legislativas a fim de consolidar a aplicação de reformas globais", segundo a Sana. O Parlamento também recomenda esperar as "decisões tomadas a partir de um diálogo nacional e permitir que os partidos (...) cumpram suas funções para (a realização) de eleições democráticas, em conformidade com a nova Constituição", aprovada por referendo em 26 de fevereiro.

Assad havia anunciado em meados de março a realização dessas eleições. Recentemente, as autoridades sírias anunciaram a prorrogação da data para apresentação de candidaturas até 28 de março. A oposição exige a saída de Assad e já rejeitou as eleições, consideradas pela comunidade internacional como uma "farsa".

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 9 mil pessoas já tenham morrido, número superior aos 8 mil calculados pela ONU.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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