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Oriente Médio

Ao menos 2 mil sírios buscam refúgio no Líbano em 48 horas

6 mar 2012 - 07h01
(atualizado às 08h36)
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Pelo menos 2 mil sírios cruzaram a fronteira entre a Síria e o Líbano nos últimos dois dias, anunciou nesta terça-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

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"Não temos números exatos e a situação é bastante variável, mas sabemos que pelo menos 2 mil sírios cruzaram a fronteira com o Líbano nos últimos dois dias", afirmou em entrevista coletiva Sybella Wilkes, porta-voz do organismo.

Wilkes acrescentou que os números podem variar nas próximas horas, já que aparentemente "alguns cruzaram novamente a fronteira e voltaram à Síria".

Por enquanto, o Acnur está entregando comida, água e elementos essenciais de sobrevivência aos refugiados, alguns dos quais puderam se refugiar em mesquitas situadas nas áreas fronteiriças.

"Obviamente, o problema mais importante que vamos enfrentar nos próximos dias é o alojamento. Por enquanto, estamos contabilizando e fazendo uma avaliação de suas principais necessidades", acrescentou Wilkes.

A porta-voz explicou que o vale do Bekaa se transformou em um lugar de passagem dos sírios que fogem da repressão do regime de Bashar al Assad, mas não pôde apresentar mais informações.

O Acnur estimou no sábado que mais de 7 mil sírios fugiram ao Líbano desde que começou a repressão em seu país. A maior parte deles se encontra na região fronteiriça de Wadi Khaled (norte).

Bombardeios

Por outro lado, Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) denunciou que o Exército sírio bombardeou nesta terça-feira uma ponte pela qual transitam os sírios que fogem para o Líbano em busca de refúgio.

"As forças do regime bombardearam nesta terça-feira uma ponte perto Qusseir, na província de Homs (centro), utilizado pelos refugiados sírios, em particular pelos feridos, que fogem para o Líbano", declarou à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH. A ponte fica muito perto da fronteira libanesa, segundo Rahmane.

O OSDH denunciou ainda um grande ataque das forças sírias contra a cidade de Hirak, na província de Deraa, berço da rebelião contra o regime de Bashar al-Assad no sul do país. "Importantes forças militares, que incluem tanques e veículos de transporte blindados, lançaram um ataque contra a cidade de Hirak", afirma um comunicado da ONG. A nota também destaca um reforço do cerco à localidade de Tibet al-Iman, na província de Hama.

Depois da tomada do bairro de Baba Amro, em Homs, na semana passada, as forças do regime intensificaram a pressão sobre os outros redutos do Exército Sírio Livre (ESL), particularmente Rastan, a 20 km de Homs, que foi declarada cidade livre em 5 de fevereiro. Rastan é submetida a um intenso bombardeio pelo Exército do regime de Assad.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido, número similar ao calculado pela ONU.

Com informações adicionais da agência AFP

Imagem sem data distribuída pelo jornal Sunday Times exibe a jornalista Marie Colvin na Praça Tahrir, no Cairo. A experiente correspondente internacional americana morreu nesta quarta-feira em um bombardeio na cidade síria de Homs. O fotógrafo francês Rémi Ochlik também morreu na Síria nesta quarta
Imagem sem data distribuída pelo jornal Sunday Times exibe a jornalista Marie Colvin na Praça Tahrir, no Cairo. A experiente correspondente internacional americana morreu nesta quarta-feira em um bombardeio na cidade síria de Homs. O fotógrafo francês Rémi Ochlik também morreu na Síria nesta quarta
Foto: Sunday Times / AP
EFE   
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