PUBLICIDADE

África

Kadafi diz estar preparado para uma "longa guerra" contra os aliados

20 mar 2011 - 07h08
(atualizado em 22/3/2011 às 12h05)
Compartilhar

O líder Muammar Kadafi afirmou neste domingo que a Líbia está preparada para manter uma "longa guerra" contra as forças aliadas ocidentais, que lançam desde sábado ataques contra as tropas leais ao regime de Trípoli. Em discurso transmitido pela televisão estatal líbia, Kadafi prometeu uma vitória contra o que chamou de "novo nazismo" e disse que está "armando todos os líbios".

No sábado, mísseis foram lançados por tropas americanas em direção à Líbia, em imagem feita com lentes de visão noturna
No sábado, mísseis foram lançados por tropas americanas em direção à Líbia, em imagem feita com lentes de visão noturna
Foto: AFP

A Líbia se prepara "para uma longa guerra" que as forças aliadas não poderão enfrentar, declarou Kadafi, em seu segundo discurso público desde a operação iniciada contra seu regime por forças internacionais e autorizada pela ONU para proteger os civis líbios. "Estamos em nossa terra. Os líbios estão unidos atrás de um comando unificado. Vamos lutar em uma frente ampla", exclamou Kadafi, que garantiu vitória sobre os líderes aliados, qualificando-os de "selvagens e criminosos".

Para o líder líbio, o ataque das forças aliadas é uma "nova guerra das cruzadas para apagar o Islã" e os ocidentais, com esta ação, estão dando a "oportunidade de liderar uma nova revolução popular". "Deus está conosco, o diabo está com vocês. Todos os líbios estão prontos para o martírio. Vamos ganhar e vocês irão morrer", ressaltou. "Esta (guerra) já não é um problema interno (da Líbia), mas um conflito entre o povo líbio e os novos nazistas".

Kadafi afirmou que os líderes ocidentais cairão como "Hitler e Mussolini" e acusou-os de não "lembrar as lições da História". Para o líder líbio, a vitória final de seu país é "inevitável" e todas as cidades acabarão se rebelando "contra esses atos característicos de um novo colonialismo". "Lutamos para defender nossa terra e nosso petróleo", exclamou Kadafi. "A vítima sempre acaba vencendo os bárbaros e o terrorismo", acrescentou. Segundo ele, a Líbia será libertada "palmo a palmo" e o Islã e seu país serão, a partir de agora, "mais fortes".

Cindida entre rebeldes e forças de Kadafi, Líbia mergulha em guerra civil

Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Entretanto, enquanto os casos tunisiano e egípcio evoluíram e se resolveram principalmente por meio protestos pacíficos, a situação da Líbia tomou contornos bem distintos, beirando uma guerra civil.

Após semanas de violentos confrontos diários em nome do controle de cidades estratégicas, a Líbia se encontrava atualmente dividida entre áreas dominadas pelas forças de Kadafi e redutos da resistência rebeldes. Mais recentemente, no entanto, os revolucionários viram seus grandes avanços a locais como Sirte e o porto petrolífero de Ras Lanuf serem minados no contra-ataque de Kadafi, que retomou áreas no centro da Líbia e se aproxima das portas de Benghazi, a capital da resistência rebelde, no leste líbio.

Essa contra-ofensiva governista mudou a postura da comunidade internacional. Até então adotando medidas mais simbólicas que efetivas, ao Conselho de Segurança da ONU aprovou em 17 de março a determinação de uma zona de exclusão aérea na Líbia. Menos de 48 horas depois, enquanto os confrontos persistiam, França, Reino Unido e Estados Unidos iniciaram ataques. Mais de mil pessoas morreram, e dezenas de milhares já fugiram do país.

EFE   
Compartilhar
Publicidade