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Ásia

Depois de Ras Lanuf, tropas de Kadafi avançam para Benghazi

13 mar 2011 - 10h49
(atualizado às 11h47)
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Depois de as forças fiéis a Muamar Kadafi retomarem a cidade de Ras Lanuf, importante porto petrolífero e reduto rebelde mais avançado na frente leste, o exército governista avançava neste domingo a Benghazi, reduto da oposição ao regime.

Pai de um rebelde morto em combate com as forças leais a Kadafi segura um fuzil AK-47 durante funeral do filho
Pai de um rebelde morto em combate com as forças leais a Kadafi segura um fuzil AK-47 durante funeral do filho
Foto: Reuters

Benghazi é a segunda cidade em importância do país e as comunicações por telefone celular estavam cortadas neste domingo. O regime líbio também anunciou domingo que a calma já foi restabelecida nos portos e pediu que as empresas estrangeiras voltem a enviar seus petroleiros, informou a televisão estatal.

A Companhia Nacional de Petróleo, citada pela televisão, anunciou que "os portos líbios já são seguros depois que se pôs fim a atos de sabotagem, tornando-se, agora, operacionais". "Ras Lanuf foi libertada dos grupos armados e em todas as instituições (da cidade) foram hasteadas as bandeiras verdes" do regime, frisou a televisão estatal.

Como parte da ofensiva para recuperar as cidades orientais do país, as forças fiéis ao regime utilizaram bombardeios aéreos e ataques de artilharia para fazer os insurgentes fugirem da cidade estratégica, situada a 650 km de Trípoli.

Depois de Al-Uqaila, os soldados do dirigente líbio já tomaram também o controle de Al-Busher e bombardeavam a cidade de Brega, que fica a 240 km de Benghazi, comprovou a AFP. Aos gritos de "Alá é grande", dezenas de rebeldes abandonavam Brega em veículos que transportavam baterias antiaéreas para posicionar-se em Ajdabiya, 80 km mais a leste. A televisão estatal líbia já anuncia a "limpeza" da cidade de Brega.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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