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Europa

Berlusconi pede "muita cautela" sobre possível exílio de Kadafi

1 mar 2011 - 05h23
(atualizado às 06h04)
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O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, pediu "muita cautela" perante a possibilidade de exílio do líder líbio, Muammar Kadafi, como uma das possíveis soluções para a crise da Líbia. Em entrevista publicada nesta terça-feira pelo diário Il Messaggero, Berlusconi explica que todas as decisões que seu governo tomar com relação ao regime de Kadafi serão em "estreita sintonia" com a União Europeia (UE), a Otan e as Nações Unidas.

Sobre a possibilidade de exílio levantada na segunda-feira pela Casa Branca, "procederemos em estreito contato com Bruxelas e Washington. Antes de decidir, vejamos o que acontece em Trípoli. Neste momento é preciso muita cautela, porque a situação na Líbia está em contínua evolução", afirma o primeiro-ministro da Itália.

Berlusconi nega que a Europa tenha reagido tardiamente à crise da Líbia, pois pensa que não se podia intervir antes, explicando que os ministros de Assuntos Exteriores das 27 nações da UE estão em contínuo contato sobre o assunto. "Como chefes de Estado e governo discutiremos o assunto em 11 de março durante o Conselho Europeu extraordinário. Além disso, a situação na Líbia continua sendo muito confusa", comentou.

O chefe do Executivo da Itália, que antecipou que não pensa em uma "retirada unilateral" de suas tropas no Afeganistão após a morte de um militar italiano, falou ainda sobre o papel de seu país diante a crise líbia como parceiro econômico, vizinho geográfico e antiga metrópole. "Temos muitos interesses na área, além de estar muito perto geograficamente da Líbia. Somos amigos do povo líbio e eu pedi pessoalmente perdão ao povo líbio, falando ao Parlamento líbio, pelo que tinham feito nossos antecessores na tentativa de submeter o povo", afirma Berlusconi.

"Mantemos uma estreita relação com esse povo. Penso que seja qual for o Governo que os líbios decidam ter, este país manterá uma estreita relação com a Itália, com seu povo e suas empresas", acrescenta.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

info infográfico distúrbios mundo árabe
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Foto: AFP
EFE   
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